Vitória da Ferrari em Le Mans contrasta com má fase da equipe na Fórmula 1

Equipe de Maranello viveu uma das maiores glórias do automobilismo em Sarthe, mas em Montreal a história deve ser diferente

Gabriel Alberto

A vitória em Le Mans relembra que a Ferrari é a maior equipe do automobilismo mundial, independente da categoria que ela corra. O Cavallino Rampante é quase sinônimo de velocidade e vitória; por outro lado, não é isso que se vê na Fórmula 1 atualmente.  

O presidente do grupo, John Elkann; o chefe de equipe da Ferrari na Fórmula 1, Fred Vasseur; e um dos pilotos titulares do time, Charles Leclerc; estavam em Le Mans. Todos viram a marca brilhar 59 anos depois da última vitória em La Sarthe. A ironia, depois de tanto tempo, é que a Ferrari largou as 24 Horas de Le Mans em 1973 pelos mesmos problemas que passa hoje na F1: a seca de vitórias. 

Na época, a Fiat absorveu grande parte das ações da Ferrari. A marca italiana exigiu que Enzo Ferrari saísse no final de 1973 do Mundial de Marcas, e consequentemente das 24 Horas de Le Mans, para dar ênfase à Fórmula 1. A Ferrari nessa época era uma equipe de meio de pelotão na F1 e não ganhava as 24 Horas de Le Mans desde 1965 - assim, disputar dois campeonatos ao mesmo tempo era considerado um problema.  

A base de investimento da fabricante seria a F1 em 1974, e não mais Le Mans. Com a reformulação da equipe na categoria, de 1974 até 1979, a Ferrari ganha quatro títulos de construtores e três títulos de pilotos – dois de Niki Lauda e um de Jody Scheckter.  

O jornalista Rodrigo Mattar, que comentou as 24 Horas de Le Mans de 2023 no Grupo Bandeirantes, explica que a Ferrari só decidiu voltar agora por conta do teto de gastos criado pela Fórmula 1 em 2022. 

“A Ferrari resolveu voltar nesse projeto dos hipercarros porque passou a existir regra do teto de gastos da F1. Então como ela não pode ultrapassar esse certo teto, porque você já tem um limite imposto pela Federação Internacional, embora algumas equipes tenham estourado esse teto em2021, por Red Bull e Aston Martin, aí a Ferrari resolveu alocar parte do seu orçamento num projeto novo. Um projeto que estreou com pole position e uma vitória em Sebring, na Flórida”, explicou Mattar, autor de um livro sobre a tradicional corrida, Le Mans e Suas Histórias.

Para Rodrigo Mattar, vitória da Ferrari em Le Mans é fruto de teto de gastos da F1
(Imagem: Photo Copyright 2023 FIA WEC / FocusPackMedia - Harry Parvin)

Nos dias atuais, a situação na Ferrari na F1 chega a ser um pouco pior do que a fase pré-1974. O último título de construtores veio em 2008. No mundial de pilotos, a equipe não vê um título desde 2007, com Kimi Räikkönen.  

A questão é que, até aqui, a campanha da Ferrari na F1 é muito ruim, com apenas um pódio em sete corridas (ou dois pódios, se for considerar a Sprint Race) e uma enxurrada de memes nas redes sociais. Em 2022, estava na disputa pelo título contra a Red Bull, mas ficou no meio do caminho por problemas internos e na pista.  

Uma coisa é clara: o triunfo em Le Mans só coloca mais peso na Ferrari na Fórmula 1. Por mais cobiçada que seja as 24 Horas de Le Mans, o Campeonato Mundial de Endurance não tem a mesma visibilidade da F1. A vitória nas 24 Horas em La Sarthe é histórica para a equipe - que no Canadá, provavelmente, vai voltar a cumprir tabela.   

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