Obstinado na pista, 'pé atrás' fora dela: Reginaldo Leme define Ayrton Senna

Para comentarista, personalidade vibrante nas pistas contrastava com características discretas fora delas

Da redação

O Ayrton Senna que o público do mundo todo via nas pistas da Fórmula 1 era bem diferente do Ayrton Senna que só os mais íntimos conheciam nos bastidores.

É o que afirma Reginaldo Leme, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Em entrevista ao programa Cola do Grid que lembra os 30 anos da morte de Senna, Reginaldo destaca a obstinação do piloto brasileiro em busca de resultados na F1.

“Na pista ele era aquele cara capaz de sobrepujar as grandes dificuldades, as adversidades. A adversidade é que constrói o ser humano, né? Foi nisso que ele foi tomando essa personalidade, que foi muito importante na vida toda dele”, descreveu.

Para exemplificar o empenho de Ayrton Senna, Reginaldo Leme lembrou uma prova: o Grande Prêmio de Mônaco de 1984. Na ocasião, o brasileiro disputava sua primeira temporada na Fórmula 1 com a modesta Toleman, mas brilhou na prova em Monte Carlo. Sob chuva, terminou em segundo lugar, e poderia ter alcançado Alain Prost na liderança se a corrida não tivesse encerrada com apenas 31 voltas.

“Naquela corrida que ele poderia ter ganhado lá de Mônaco, ainda na Toleman, em que ele acabou sendo classificado em segundo, com vitória do Prost. Quando ele foi ao pódio – e naquela época só iam ao pódio em Mônaco o primeiro e o segundo –, ele foi ao pódio com a cara fechada. Totalmente fechada”, lembrou.

“Essa é outra característica dele: não aceitar a derrota. ‘Ah, é o Alain Prost’, ‘é a McLaren’, ‘é a francês, nós estamos em Mônaco’... Não, não aceitava derrota. Isso se via nos grandes campeões do mundo.”

Reginaldo lembrou GP de Mônaco de 1984 como exemplo de perfil de Senna (Imagem: @F1/Twitter)

Fora das pistas, porém, o que se via era um homem discreto, muitas vezes desconfiado das pessoas que o cercavam. Reginaldo Leme descreve Ayrton Senna como uma pessoa “de alma boa”, mas “precavida demais”.

“Isso o tornava bastante introspectivo. E quando eu digo precavido é que, diante da grandeza que ele adquiriu, a grandiosidade no mundo inteiro... Ele passou a tentar separar as pessoas que o rodeavam. ‘Quais são as que estão aqui comigo e são amigas, e quais são as que estão aqui para se aproveitar da minha presença.’ Na linguagem popular, eu diria bem ‘pé atrás’”, descreveu.

Edição especial do Cola no Grid lembra os 30 anos sem Ayrton Senna

Em homenagem aos 30 anos da morte de Ayrton Senna, o Cola no Grid terá uma edição especial no dia 1º de maio: o comentarista Reginaldo Leme traz histórias especiais dos quase 15 anos de amizade com o tricampeão de Fórmula 1 – inclusive com bastidores que você talvez não conheça.

Do início de carreira na Europa ao acidente fatal no GP de San Marino de 1994, passando pelo desentendimento entre os dois no início da década de 1990, Reginaldo dá detalhes da trajetória de um dos mais importantes nomes da história do esporte mundial.

A edição especial do programa Cola no Grid vai ao ar em 1º de maio, no Band.com.br e no Bandplay.

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