Brasileiro deixou rota da F1 em 2010; em 2023, voltou à ativa com pole e vitória

Aos 35 anos, Adriano Buzaid recebeu convite para disputar a Boss GP e não decepcionou

Por Emanuel Colombari

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Adriano Buzaid volta às pistas internacionais para disputar a Boss GP em 2023
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Adriano Buzaid havia deixado o automobilismo internacional no fim de 2010Divulgação
Sem patrocínios para tentar chegar à F1, voltou ao Brasil e abriu uma empresa própria, a GohobbyDivulgação
Quase treze anos após deixar pistas internacionais, Adriano Buzaid recebeu convite para correr a Boss GPAngelo Poletto
Categoria é conhecida por manter ativos carros aposentados de categorias como F1 e GP2Angelo Poletto
Adriano Buzaid recebeu a chance de pilotar um GP2 na etapa de Misano (Itália) em julhoDivulgação
Até então, Adriano Buzaid jamais havia testado um carro da antiga GP2Divulgação
Brasileiro precisou de pouco tempo para se acostumar a carro, e não decepcionouDivulgação
Na etapa de Misano, Adriano Buzaid foi pole position, com uma vitória e um segundo lugarSports Photography Agency
De quebra, Adriano Buzaid ainda quebrou o recorde da pista de Misano com o carro de GP2 da Boss GPSports Photography Agency
De volta ao Brasil, Adriano Buzaid leva automobilismo como hobby, competindo no kartDivulgação
Além disso, é CEO da Gohobby, empresa que quer lançar 'carro voador' ao público brasileiroDivulgação

O dia 26 de setembro de 2010 marcou o fim de um ciclo para Adriano Buzaid no automobilismo. Na ocasião, foi o nono colocado da última corrida da temporada da Fórmula 3 britânica, em Brands Hatch, terminando o campeonato na quarta colocação. O francês Jean-Éric Vergne foi o campeão.

Aos 22 anos, Buzaid fazia aquela que seria a última corrida da carreira em categorias internacionais – pelo menos até 2023. Sem conseguir um orçamento competitivo, precisou abrir mão do sonho de disputar categorias como a GP3, a GP2 e a Fórmula Renault 3.5 nos anos seguintes. Apesar dos bons resultados na temporada, o sonho de chegar à Fórmula 1 precisaria ficar pelo caminho.

De volta ao Brasil, o piloto paulistano passou a se dedicar aos negócios. Fundou a Gohobby Future Technology, empresa do ramo de drones, e deixou o automobilismo de lado. Desde então, a paixão pelas pistas ficou restrita a provas da Porsche Cup e de kart.

Mas a chance de voltar a pilotar um monoposto veio em 2023. Aos 35 anos, 12 anos depois da última corrida na Fórmula 3 britânica, Adriano Buzaid foi convidado para disputar uma etapa da Boss GP, competição que utiliza carros aposentados de categorias como Fórmula 1, GP2 e Fórmula 3000 para disputar em circuitos de diversos países.

Assim, em julho, Buzaid assumiu um dos carros da antiga GP2 pela equipe MM International na etapa de Misano (Itália) para a disputa da classe Fórmula, tornando-se o segundo brasileiro da temporada 2023 – o outro era Antonio Pizzonia, piloto da equipe HS Engineering na classe Open.

“Esse ano, o Pizzonia começou a correr na categoria, e a gente começou a trocar mensagem”, explicou Buzaid ao Band.com.br. “Eu comecei a conversar com uma equipe e acabou dando certo de fazer a etapa de Misano. Fui e fiz a etapa. Fiz um treino antes do fim de semana, em Cremona (Itália), aí depois fui já para o treino de sexta-feira em Misano.”

‘Cara, o que é que eu estou fazendo?’

Depois de mais de uma década longe dos monopostos, Buzaid sentiu a diferença e até se questionou a respeito da experiência. Mas precisou de pouco tempo para se entender com um carro de GP2 que nunca havia pilotado.

“Eu demorei umas 30 voltas para me adaptar ao carro. Quando eu fiz o teste em Cremona, nas primeiras três ou quatro voltas, foi bem estranho. Quando saí do box, abrindo a borboleta do acelerador, eu pensei: ‘Nossa, cara, o que é que eu estou fazendo?’”, contou, comparando o Dallara F308 que utilizou na Fórmula 3 britânica com o Dallara GP2/11 utilizado na Boss GP e que correu na GP entre 2011 e 2016.

Adriano Buzaid nunca havia pilotado um carro da antiga GP2 (Imagem: Angelo Poletto)

“O GP2 troca a marcha a 13, 14 mil giros. No Fórmula 3, eu trocava a marcha a 6 mil giros. Quando você acha pelo ouvido que está na hora de trocar a marcha, você tem um caminho longo pela frente até trocar. Então, é tudo muito novo. Mas deu umas 30 voltas e eu já entendi o carro, já comecei a mexer na parte de set up para ajustar para mim. Achei fantástico”, acrescentou o piloto.

“Obviamente, é muito rápido. Quando ele sai de traseira em uma curva em que você está forçando muito a entrada, você tem que corrigir muito rápido. Em uma corrida de 30 minutos, cansa bastante, é bem físico, ainda mais com as forças G e tudo mais. Mas me senti super confortável, com vontade de guiar coisa rápida também depois”, completou.

Pole, pódio e vitória

Na chegada a Misano, Adriano Buzaid logo se mostrou à vontade. Conquistou a pole position da categoria Fórmula e foi o segundo colocado da primeira corrida da rodada dupla, atrás do letão Haralds Slegelmilhs. Na segunda prova, venceu.

“Para você ter ideia, Misano teve dois treinos de 30 ou 40 minutos. No primeiro treino livre, fui o primeiro na (classificação) geral, na frente de outros carros até mais fortes do que eu estava utilizando. Conhecendo a pista, sabe? Foi muito legal”, descreveu. A classe Fórmula utiliza principalmente carros da GP2, inferiores aos das classes F1 (carros de Fórmula 1) e Open (da antiga World Series, que passou a ser chamada de Fórmula Renault 3.5 entre 2005 e 2015).

“Na primeira corrida, não consegui a vitória, cheguei em segundo. Mas aí a gente deu uma acertada no carro e, no domingo, a gente conseguiu essa vitória”, completou.

Na segunda corrida, Buzaid ainda quebrou o recorde de melhor volta entre os carros de GP2 em Misano: 1:24.135. A melhor marca da categoria pertence a Haralds Slegelmilhs, com um Fórmula Renault 3.5: 1:20.785, em 2022.

Buzaid teve uma vitória e um segundo lugar em Misano (Imagem: Sports Photography Agency)

Volta às pistas?

A participação na rodada dupla de Misano foi a única de Adriano Buzaid na temporada da Boss GP. Na reta final de 2023, o paulistano testou um protótipo LMP3 da MM International e disputou a categoria Shifter sênior do Campeonato Brasileiro de Kart, enquanto administrava a própria empresa – a Gohobby anunciou o lançamento no Brasil do eVTOL, uma aeronave conhecida como “carro voador”, em parceria com a chinesa EHang.

“Obviamente que surgiram oportunidades - tanto que depois me chamaram para fazer um treino lá fora. Eu voltei para a Itália para fazer uns treinos de LMP3 com a mesma equipe. Foi bacana demais, fui o mais rápido do dia na categoria. O problema que eu tenho hoje é conseguir conciliar com a Gohobby, a empresa que eu fundei no finalzinho de 2010, comecinho de 2011. A maior dificuldade para realmente estar na pista é tocar a empresa, que exige bastante”, explicou Buzaid.

Adriano Buzaid, CEO da Gohobby, e o carro voador eVTOL (Imagem: Divulgação)

Assim, o automobilismo passou a ser secundário na vida de Adriano Buzaid. Apesar de ainda sonhar com provas na carreira, o foco do piloto é o trabalho em projetos de mobilidade urbana. No começo de 2024, a empresa dele promete fazer em São Paulo a primeira exibição pública em território nacional do “carro voador” fabricando pela EHang.

“É engraçado, mas o automobilismo para mim em 2006, 2008, 2010, era profissão. O meu hobby era pilotar helicópteros, drones e tudo mais. Em 2011, inverteu. Praticamente os drones viraram o meu trabalho e o automobilismo passou a ser uma coisa um pouco mais distante. Deu uma invertida”, analisou.

“Hoje eu realmente preciso ver o que consigo de tempo disponível. Se você perguntar qual seria meu sonho de corrida, seria fazer as 24 Horas de Le Mans. Fazer uma corrida no ano - as 24 Horas de Le Mans, o Brasileiro de shifter de kart. Duas corridas no ano e é isso. Ficaria muito difícil para mim fazer uma temporada inteira (em uma categoria) com oito, dez etapas, para conciliar realmente com a Gohobby.”

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