Lucas Silveira, da Fresno, abre o jogo sobre paternidade: “Ninguém te prepara”

O músico também falou sobre a importância de dar o exemplo, relembrou o início da carreira e ainda deu spoilers do futuro

Por Hanna Rahal

Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno, é pai da Sky, de sete anos, fruto de seu casamento com a skatista Karen Jonz. O músico é do tipo que brinca de tudo, se joga na fantasia e aproveita cada segundo. Isso porque, para ele, após a chegada da filha, o tempo ganhou um valor enorme. 

Em entrevista exclusiva ao Band.com.br, o músico falou sobre paternidade, a importância de ser exemplo, tanto para a filha, quanto para os fãs, relembrou o início da carreira e ainda abriu o jogo sobre o futuro. 

O pai da Sky

Foto: Reprodução/Instagram

Além de ser referência na música, muita gente acompanha as redes sociais e descobre no Lucas Silveira, um paizão. A forma com que ele interage e brinca com a filha, encanta muitos fãs. No entanto, o artista alerta que é preciso cuidado na internet, afinal, nesse cenário, as pessoas podem ter uma visão “fantasiada” da parentalidade.

“A rede social clareia só uma pequena camada do que é a paternidade no dia a dia. Eu acho que todo mundo que é pai ou que é mãe entende isso. Mas a real, é que ninguém te prepara para o que vai acontecer e para o quão difícil as coisas podem ser”, avalia o músico. 

Cada dia mais presentes em tempo integral, participando ativamente da vida do filho, educando e fazendo parte da rotina da casa como um todo, os pais têm assumido, de fato, o papel de pai. No paternar, é preciso se jogar, mergulhar de cabeça e se der medo, ir com medo mesmo. 

Lucas explica que criar um filho é um exercício de desapego, no entanto, para ele, não existe absolutamente nada mais importante para um pai do que simplesmente estar ali: “Você tem uma pessoa dependendo 100% de ti. Isso dá peso para todas as coisas da tua vida”. O cantor conta que até nas decisões que toma profissionalmente, ele reflete: “Agora sou pai”.

“Eu passei a não fazer qualquer coisa, agora sou mais seletivo. O que vai me trazer mais felicidade? O que vai justificar eu sair da minha casa e deixar minha filha? É no dia a dia, que você aprende a dar valor ao tempo”, considera Silveira. 
Foto: Reprodução/Instagram

O músico explica que para ele, ser presente, é fundamental. E justamente por isso, passou a dar muito mais valor ao foco e à organização. Isso por que, cada minuto que ele “joga fora”, ele perde com a filha. “Na minha profissão, é muito normal viajar e estar fora de casa, só que a carreira não é maior do que tudo, na verdade, existem outras prioridades. Ou seja, tudo isso me fez crescer muito como pessoa e reflete diretamente na música que a gente faz”, completa. 

Música de pai para filha

Dentro de casa, temos os primeiros contatos com os sons, gêneros musicais e com a cultura. Lucas conta que aprendeu sobre música com o cantarolar da mãe e no dia a dia com a família - e todas essas lembranças se fazem presentes até hoje em sua memória, o que, de certa forma, ele acaba repassando para a filha. 

“Por eu ser músico e por ela ser bem interessada em música, tudo acaba tendo um teor de aula”, explica o pai após contar como foi apresentar Garota de Ipanema à Sky. No entanto, o artista reforça que a pequena tem as preferências dela. “Ela traz para casa sons que eu nunca tinha ouvido, umas coisas que não chegaram até mim, mas que no meio de amigos dela, já está super difundido e eu aprendo muito também”, conta. 

Emo voltou! 

O emo fez parte da vida de muitas pessoas, uma geração inteira. O Fresno se manteve firme e forte, foi uma das poucas bandas que souberam se reinventar para seguir uma história com mais de 20 anos de música e estrada, e atualmente aproveita o amadurecimento para curtir os fãs e surfar nas oportunidades da música. Contudo, nem sempre foi assim. Lucas explica que a banda começou quando o grupo ainda estava na escola.

Por causa da internet, os meninos conheceram bandas que não faziam sucesso nas rádios, aquelas do cenário underground, e daí se inspiraram ainda mais. “A gente não tinha uma visão muito maior que isso. Eu acho que quanto mais referências você encontra, mais clareza tu vai tendo sobre as escolhas que vai ter na vida”, explica o vocalista. Dessa forma, de degrau em degrau, eles subiram a escada do sucesso até se tornarem uma das maiores representantes do emocore no Brasil.

Foto: Reprodução/Instagram

Lucas confessa que a música é a paixão em comum da banda, e ainda revela a chave para o sucesso: 

“Você tem que ter calma e confiar muito no que tu faz. Isso explica bastante o que aconteceu com a Fresno e é o que às vezes falta em quem está começando. Tenha originalidade, identidade e acredite muito no que quer”.

Parte de fazer o que ama, significa ser fiel aquilo que gosta. “A gente foi sempre muito transparente com relação ao que queríamos fazer. Nem sempre foi a melhor escolha do ponto de vista comercial”, explica o músico ao relembrar a carreira.

Com o passar do tempo, cada vez mais eles desejavam arriscar. Criar coisas novas e descobrir caminhos. Gravar com artistas como Lulu Santos, Caetano Veloso, Lenine e Emicida possibilitou uma vasta musicalidade ao grupo. “Essas atitudes fizeram com que a gente pudesse ter liberdade de experimentar, de vir com sons diferentes. A galera está muito interessada no que a gente está aprontando de novo”, diz. 

Foto: Reprodução/Instagram

O artista ainda reflete o quão difícil pode ser ter visibilidade. “Se você é roqueiro, pagodeiro ou funkeiro sempre vai haver essa questão: como fazer o trabalho se destacar? E a gente acaba aprendendo que o talento não é a única coisa que importa”, diz. 

Além do talento para fazer um bom som, é preciso habilidades sociais para conviver com o público. É preciso saber lidar não só com o sucesso, como também, com inúmeros fracassos. Para Lucas, como a pessoa trata tudo isso, diz muito sobre o quanto a carreira dela vai durar. 

Moldura de momentos 

Quando pensa em legado, enquanto artista, Lucas garante que a música que faz marca pessoas, assim como foi marcado por diversas outras canções - isso porque as músicas têm o poder de mudar o humor, de envolver e até de propor reflexões. 

“Não adianta, se tu deixa uma música entrar na sua vida, é como se pudesse decorar alguns momentos. Ela nos ajuda a colocar trilha sonora em coisas que estamos vivendo e intensifica as vivências. Pensando nisso, se tem um legado que um músico pode deixar, o legado mais bonito, é isso, as coisas que ele fez e que estão espalhadas pelo mundo para as pessoas ouvirem”, explica.
Foto: Reprodução/Instagram

Inteligência artificial na música

À medida que a tecnologia avança, torna-se mais complexo distinguir o real do artificial. Por meio da ferramenta deepfake, é possível adulterar o rosto de uma pessoa em fotos ou vídeos via inteligência artificial. 

Recentemente, Elis Regina apareceu em um comercial de uma marca de carros, ao lado da filha, Maria Rita, em um dueto para “Como nossos pais”. Enquanto alguns fãs se emocionaram com a homenagem, outros levantaram questionamentos éticos sobre a manipulação da imagem de uma pessoa falecida em um contexto fictício.

Lucas entende que sempre vão existir ferramentas tecnológicas para produzir música. “Em algum momento, a guitarra elétrica era a coisa mais moderna que existia”, compara. O músico explica que com o passar do tempo, é natural que as coisas mudem e evoluam. Para ele, a democratização que a internet trouxe, por exemplo, mexeu muito com a indústria da música. “Sempre vão ter revoluções e eu acredito que a inteligência artificial é mais uma dessas”, comenta. 

Silveira ainda faz uma reflexão sobre o que é fazer música, tendo em vista que era uma coisa criada por e para humanos e hoje, pode ser criada de outras maneiras.

 “As discussões que trazem isso são bem filosóficas e fortes. Mas o que fica é: sempre vai ter alguma tecnologia gerando uma discussão ou um novo comportamento”, diz.

Contudo, o artista garante, que por mais incrível que seja a novidade, nada substitui a experiência de curtir um show ao vivo, com a plateia toda interagindo e muito calor humano. 

Foto: Reprodução/Instagram

O que vem por aí?

Se você é fã do Fresno, essa é a informação mais importante da matéria: vai ter álbum novo! “O ‘Vou Ter Que Me Virar’, já tem quase dois e a gente já está pensando no próximo. Então, muito em breve vão começar a surgir coisas novas”, entrega. 

O público da banda se acostumou a esperar pelo inesperado, mas Lucas deu spoiler e contou que o novo projeto é para a galera do rock and roll: “É um álbum até mais rock do que o que a gente vinha fazendo e talvez até mais ligado às nossas raízes. Eu tenho certeza que vão amar”, finaliza.

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