"Era chacota por tentar tocar funk em São Paulo", diz DJ Marlboro

O DJ, que mudou a história do funk no Brasil, desabafou sobre as dificuldades que encarou para disseminar o ritmo pelo país

Da Redação

DJ Malboro foi um dos convidados do Churrascão do Faustão desta sexta-feira (10). Ao lado da cantora Valesca, ele revelou os principais desafios que encarou na profissão. 

“Na época em que eu fui ser DJ, em 1977, era uma coisa muito complicada. O status era negativo: o pai da menina botava você pra correr depois de contar sua profissão – o mesmo problema que o samba teve no início. Além de mal vista, também era mal remunerada", contou. 

"Para piorar, minha linha era o funk. Naquela época, era uma corrente sem prosperidade, tanto que a minha família era contra, fazia campanha para eu não ser mais DJ. Mas aí, era persistência, acreditar naquilo que faz”, completou. 

Malboro revelou ainda que em 1988 começou a se aproximar do funk carioca. “Hermano Vianna [antropólogo e pesquisador musical] estava escrevendo uma tese de mestrado sobre o assunto, que depois virou livro. Depois de pronto, ele me deu de presente uma bateria eletrônica. O professor dele ainda brincou: ‘Você não devia ter feito isso, ele pode mudar a história do funk a partir daí’. E não deu outra”, garantiu. 

A partir do instrumento, Malboro criou o primeiro disco de funk do Brasil, em 1989. “Eu ainda briguei com a gravadora. Eles queriam que o nome fosse ‘Funk Carioca’, mas eu disse que o funk não poderia ser carioca, porque é brasileiro”, defendeu. 

De fato, levar o ritmo para outros estados foi um trabalho árduo. “Um amigo carioca uma vez me aconselhou: ‘Para de levar funk para as boates, estão chacoteando você. Eles acham engraçado a sua esperança de um dia São Paulo tocar funk. Não vai tocar’. Mas eu sou muito paciente, perseverante e sabia que um dia a cidade teria o ritmo como cultura. 

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