Conheça Ego Kill Talent, brasileiros que se destacam no rock internacional

O nome da banda já pressupõe a filosofia do grupo: "Muito ego vai matar seu talento"

Por Hanna Rahal

Com uma proposta única e marcante, a banda brasileira Ego Kill Talent, formada por Theo Van der Loo, Niper Boaventura, Raphael Miranda e a recém-chegada, Emmily Barreto, tem conquistado cada vez mais espaço no cenário internacional do rock.  

Jean Dolabella, que foi baterista e membro fundador da banda, anunciou em dezembro de 2023, por meio das redes sociais, sua saída da Ego Kill Talent. O músico já estava afastado do grupo enquanto fazia uma turnê especial de 20 anos de carreira da cantora Pitty. 

Em comunicado, Dolabella não explica o motivo da saída, só anuncia: “Chegou a hora do Ego Kill Talent e eu seguirmos caminhos diferentes”. O baterista continuou agradecendo todos que o acompanharam na jornada até o momento, especialmente os fãs. “A imprevisibilidade da vida é algo assustadoramente fascinante, espero o melhor do futuro que nos aguarda”, finalizou ele.

Originários de diferentes estados do Brasil, os membros da banda atualmente residem próximos uns dos outros em São Paulo, facilitando a conciliação de agendas lotadas. Contudo, com uma rotina internacional movimentada, o grupo planeja em breve mudar-se para além das fronteiras brasileiras.

Vale reforçar que a peculiaridade da banda vai além da sonoridade. Durante suas apresentações, são conhecidos por trocarem de instrumentos, proporcionando uma experiência única aos fãs. O nome Ego Kill Talent é uma versão abreviada do ditado "muito ego vai matar seu talento", refletindo a filosofia da banda.

Formação e trajetória internacional

Fundada em 2014 por músicos provenientes de bandas brasileiras renomadas, como Sepultura e Reação em Cadeia, o Ego Kill Talent traz uma bagagem musical diversificada. A banda já teve a oportunidade de excursionar com grandes nomes do rock, como Metallica e Foo Fighters, e mais recentemente, com Evanescence.

Em entrevista exclusiva ao Band.com.br, os membros revelam os detalhes da formação da banda e sua experiência ao dividir palcos com ícones internacionais.  “Queríamos fazer música juntos. Foi tudo muito orgânico e acabamos criando uma característica da banda”, reflete Theo.

Autenticidade e a indústria musical

Questionados sobre a pressão da indústria para criar músicas comerciais, os integrantes do grupo destacam a importância de permanecerem verdadeiros à sua essência artística. Em uma indústria que muitas vezes exige conformidade, eles ressaltam a dificuldade de equilibrar a expressão artística com as demandas pragmáticas.

"A música, o artista da banda, é só um pedaço de uma máquina muito maior. Essa cadeia ao redor da música e do artista é importante, mas está distante do processo criativo, o qual é muito íntimo e pessoal", explica Theo. 

Raphael ainda acrescenta: “O grande lance da arte, seja ela qual for, é justamente ser muito verdadeiro, para aquilo conectar os outros”. 

A decisão de cantar em inglês, segundo a banda, foi mais sobre a expressão sonora desejada do que uma estratégia de mercado. Inicialmente instrumental, o grupo cogitou ter um vocalista, e o baterista do System of a Down, John, encorajou essa escolha. A opção pelo inglês surgiu naturalmente, alinhada ao desejo de realizar shows internacionais.

Um arco-íris na EKT

Os integrantes da banda compartilharam detalhes sobre a chegada de Emily à formação e o impacto positivo que ela trouxe para o grupo. “É uma força da natureza, talentosa, profissional e, acima de tudo, uma amiga que inspira diariamente”, reflete Niper. 

O guitarrista e baixista ainda conta como a nova vocalista injetou ânimo na banda, especialmente após os desafios enfrentados pela indústria musical durante a pandemia. A presença dela, segundo eles, é como um "gás" diário que impulsiona a todos.

A banda reconhece que a chegada de Emily, primeira vocalista feminina no grupo, trouxe mudanças não apenas na dinâmica musical, mas também no estilo e na identidade visual. 

“Tem algo que a Emily traz, só por ser ela, que dá uma espécie de “permissão” para abandonarmos essa masculinidade frágil que por vezes a gente carrega”, reflete Theo. 

Anteriormente, conhecido por adotar predominantemente o preto em suas vestimentas, Niper revela que começou a se sentir mais à vontade explorando novas cores e estilos. O processo de mudança de identidade foi descrito como natural e guiado pela amizade e pelo apoio mútuo. 

Emily, por sua vez, compartilhou a emoção de fazer parte da banda e como tem sido incrível ver a evolução e a abertura dos integrantes para novas experiências. Ela ressaltou a importância de cuidar uns dos outros e a mudança positiva que ocorreu desde sua chegada.  “Vejo diariamente eles ficando cada vez melhores”, completa a cantora. 

Novos capítulos do rock

Cada dia que passa, os astros do rock estão cada vez mais comprometidos com a saúde. Os artistas consideram que atualmente se vive um novo capítulo para os artistas do gênero: “Antigamente tinha uma mística do bad boy, mas hoje em dia é muito mais legal você ser um cara saudável”, explica Raphael.

Sobre o debate recorrente: “o rock morreu?”, a banda expressou sua visão sobre a imortalidade do gênero. Para eles, o gênero vai além da guitarra e da música; é uma atitude, uma expressão de liberdade e autenticidade que transcende as barreiras temporais.

Ao mencionar bandas contemporâneas que lotam estádios e o contínuo apelo do rock, eles reiteraram que o sentimento de ser livre e expressar o que se quer não pode morrer. O rock, segundo a Ego Kill Talent, é mais do que um gênero musical; é um estado de espírito que perdura.

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