Meu Amigo É o Bicho!

Alerta ligado: saiba como detectar sinais de dor nos pets

Sim, o seu pet sente dor assim como você ou qualquer outro humano desavisado

Por Juliana Finardi

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Meu Amigo É o Bicho!

Juliana Finardi é jornalista e é mãe de pet. Já escreveu para o UOL e jornais impressos como Agora SP, Diário do Grande ABC e outros tantos entre reportagem e edição. Ainda acredita na humanidade, mas acha que pet é melhor que muita gente

Pixabay

Você percebeu que, de repente, o gatinho que sempre subiu na mesa com facilidade agora ensaiou para pular ou o cãozinho ameaçou morder quando o tutor tentou pegá-lo no colo após um longo passeio... Sinal de alerta ligado. Problemas aparentemente comportamentais que não se resolvem com mudanças no manejo ou uso de protocolos adequados podem ser algo mais triste e sofrido para os pets: a dor.

Sim, o seu pet sente dor assim como você ou qualquer outro humano desavisado. Por questões instintivas, como é o caso dos gatos, ou simplesmente adaptativas, como em alguns cães, eles ‘escondem’ ou dão sinais tão sutis que são imperceptíveis aos olhares muitas vezes desatentos de tutores e, até mesmo, pasmem, de veterinários ou profissionais comportamentalistas.

Foi por isso que a especialista em comportamento Luiza Cervenka e a médica-veterinária Sofia Dressel Ramos idealizaram o Simpósio Dor e Comportamento que, em sua primeira edição nos próximos dias 25 e 26 de novembro, vai reunir um time de 10 profissionais que vão falar a outros profissionais da área, como médicos-veterinários, adestradores, passeadores, pet sitters e outros, sobre causas, sinais, tratamentos, escalas de avaliação e muitas outras nuances da dor.

O mais legal é que ao final do evento todos estes profissionais estarão em um banco de dados para que as pessoas saibam onde atendem e, principalmente, que entendem de dor para avaliar o bichinho.

A primeira dica para você perceber que o pet pode estar sofrendo com dores é a mudança comportamental. De acordo com Luiza, existe um artigo científico de um médico-veterinário da Inglaterra que fez um levantamento dos casos comportamentais atendidos em sua clínica. “Ele constatou que entre 60% e 70% dos comportamentos indesejados estavam de alguma forma relacionados a alterações clínicas como, por exemplo, dores articulares, dores gastrointestinais, problemas endócrinos, dermatológicos e por aí vai”, diz.

Por isso que é muito importante não deixar de lado e colocar apenas na conta do comportamento situações em que cães e gatos apresentam dificuldade de lidar com um novo membro da família, reatividade, dificuldade para ser manuseado, cães com fobia de barulho e até de ansiedade por separação.

Simpósio Dor e Comportamento vai reunir profissionais para tratar o assunto (Foto: Pixabay)

“Em casos de cães com medo excessivo, muito reativos e agressivos, normalmente tem uma parcela de dor envolvida. Também briga entre gatos ou felinos que muitas vezes atacam seus tutores também pode estar relacionado à dor. Aqui em casa, por exemplo, a Pérola (gatinha) estava super irritada com o Doritos (outro gato). Bastou fazer a limpeza da boca, que ela está super de boa, um pertinho do outro. Tirando esse incômodo, ela começou a ficar mais tolerante com outros gatos”, conta Luiza.

Ela também afirma que a idade dos pets pode estar diretamente relacionada às dores. Existem dados, por exemplo, de que 70% dos gatos acima de oito anos podem desenvolver algum tipo de osteoartrite ou problema articular porque saltam muito.

“É normal que a maior parte dos gatos tenha esse tipo de problema e muitas vezes eles vão envelhecendo e o tutor vai entendendo que o pet está velho, preguiçoso e não quer mais andar, pular, mas na verdade isso está acontecendo por causa de dor e tem tratamento”, diz a comportamentalista.

Por uma defasagem do tema nas faculdades de Medicina Veterinária é que os profissionais muitas vezes desconhecem ou não consideram um diagnóstico relacionado a dor. “Porque na faculdade a dor está relacionada a anestesiologia e intervenções cirúrgicas e não a cães com dores sem ter a necessidade de fazer cirurgia. Por isso que infelizmente a dor não é vista ou não é tida como uma doença efetivamente. A dor crônica não é vista como uma doença e é exatamente pelo pet continuar a fazer tudo normalmente que muitos veterinários tendem a acreditar que ele não está efetivamente com dor”, complementa Luiza.

Por isso é tão importante que os tutores tenham o tratamento da dor como algo prioritário, principalmente quando a investigação é sugerida por um profissional. Além disso, checkups anuais podem garantir o bem-estar dos bichinhos com qualidade de vida e, principalmente, evolução na questão comportamental.

O evento acontece nos dias 25 e 26 de novembro na sede da Petlove (avenida Nações Unidas, 2901) e é voltado a profissionais como médicos-veterinários, adestradores, passeadores, pet sitters, consultores comportamentais, monitores de creche, groomers e estudantes de medicina veterinária, biologia, psicologia e zootecnia. Para mais informações e inscrições, basta acessar o site www.dorecomportamento.com.br.

Felinos idosos: 70% dos gatos acima dos 8 anos podem apresentar osteoartrite (Foto: Pixabay)

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