Versão falsa sobre ataque a Tarcísio predomina nas redes

Levantamento mostra que narrativa de "atentado" circulou com mais intensidade na internet

Da Redação

A versão de que a campanha do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) sofreu um ataque em Paraisópolis, na Zona Sul da capital paulista, predominou nas redes sociais, segundo levantamento do instituto Quaest Pesquisa divulgado nesta terça-feira (18). 

Policiais militares ouvidos pelo UOL apontaram que a comitiva de Tarcísio de Freitas não era o alvo dos disparos ocorridos a mais de 100 metros de onde ele estava, em Paraisópolis, durante visita à comunidade nesta segunda-feira (17). Mas as declarações iniciais dadas pelo próprio candidato e a exploração eleitoreira do caso pelo bolsonarismo estimularam ficções.

O próprio Tarcísio colaborou para essa situação ao afirmar que "fomos atacados", apesar de nenhum disparo ter atingido o local onde estava. Depois mudou o discurso para "ato de intimidação", mas sua postagem no Twitter com a primeira acusação segue viralizando na manhã desta terça. O governo de São Paulo diz que não é possível falar em "atentado". 

O evento gerou uma guerra de narrativas com alto nível de viralização nas redes sociais, estimulando 253 mil menções por 67 mil usuários únicos em pouco mais de 7 horas.

Contrariando a versão oficial da PM-SP, a versão de que teria ocorrido um atentado cometido pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ganhou força entre os apoiadores de Tarcísio. Em menor grau, também investiram na associação com o PT ou o candidato Fernando Haddad (PT), adversário de Tarcísio na corrida pelo governo de São Paulo. 

Já opositores associaram a versão do atentado à “fakeada de Bolsonaro" (em alusão à facada sofrida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018), reforçando a posição da PM e afirmando que o tiroteio não tinha qualquer relação com Tarcísio e sequer ocorreu no local onde estava o candidato.

Na nuvem de palavras sobre o evento, PCC e crime organizado têm destaque e a maioria dos termos reitera a versão de que houve um atentado contra Tarcísio, indicando que por ora este lado está vencendo a guerra de narrativas. No entanto, “fakeada” também se destaca na nuvem de palavras: a oposição também tem se mobilizado para rebater a narrativa dominante.

Propaganda eleitoral

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) levou ao ar na sua propaganda eleitoral o caso do tiroteio em Paraisópolis, na segunda-feira (17).

"O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis", afirma o locutor da propaganda de Bolsonaro.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, disse que é prematuro afirmar que se tratou de um atentado e que a investigação está em andamento.

Ele disse ainda que as câmeras nos uniformes dos policiais, medida que Tarcísio critica, serão usadas na investigação.

Tarcísio afirmou que tratou-se de uma intimidação do crime e disse não acreditar que tenha sido alvo de um atentado. "Foi um ato de intimidação, um recado claro do crime organizado como ‘a gente não quer você aqui dentro’. É uma questão territorial e não tem nada a ver com a política", disse ele.

Um homem de 38 anos morreu no tiroteio –segundo a polícia, ele tinha registro sob suspeita de roubo.

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