O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que acabará com os sigilos de 100 anos impostos pelo governo sobre algumas informações, a exemplo do acesso de pastores investigados no escândalo do Ministério da Educação. A declaração foi dada durante as considerações finais do debate realizado pela Band, nesse domingo (28), entre os candidatos à presidência da República.
“Estou aqui, candidato, para ganhar as eleições e aí, sim, num decreto só eu apagar todos os seus sigilos, que eu quero descobrir do que o senhor tem tanto medo”, disse Lula durante direito de resposta concedido pela comissão do debate.
Em outro momento, o petista voltou a atacar Bolsonaro ao dizer que está mais “limpo” que qualquer parente do atual presidente. Além disso, Lula disse que foi preso politicamente.
“Ele sabe a razão pelas quais eu fui preso. As razões pelas quais eu fui preso foi para ele ser presidente da República, que era preciso tirar o Lula do pedaço. Eu, nesse processo todo, estou muito mais limpo do que ele ou qualquer parente dele”, continuou o petista.
O ex-presidente destacou os feitos do governo entre 2003 e 2010 e no da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016), além da aliança com Geraldo Alckmin para ser o vice na chapa patista.
“Eu fui procurar um companheiro com a experiência de 16 anos de governo de São Paulo para me ajudar a governar esse país. Eu sei o que fiz, sei o que vou fazer, e por isso não entro no campo da promessa fácil porque sei o quanto é difícil”.
Corrupção
Sobre corrupção, num embate com Bolsonaro, reforçou que os governos petistas criaram mecanismos de fiscalização, a exemplo, segundo ele, do aumento salarial de policiais federais, criação do Portal da Transparência, Lei de Acesso a Informação, Conselho de Controle de Atividades Financeiras, etc.
Lula evita promessas
Em várias ocasiões, quando perguntado sobre propostas econômicas e igualdade de gênero em cargos do governo, Lula preferiu não se comprometer. Nas considerações finais, por exemplo, o petista disse que não entra no campo da “promessa fácil” e relembrou-se ações de quando foi presidente contra os juros altos, inflação e desemprego.
“Eu sei o que fiz. Sei o que vou fazer. Por isso, eu não entro no campo da promessa fácil porque eu sei como é difícil. O meu amigo Ciro se esquece de dizer que, quando eu cheguei à presidência da República, os juros estavam 26%, e deixei com 10%. Ele se esquece de dizer que a inflação estava com 12%. Nós deixamos com 5%. Ele se esquece de dizer que o desemprego era 12%, e nós deixamos 22 milhões de empregos”, disse o ex-presidente.
Mulheres em metade dos ministérios
Após ser questionado pela jornalista Ana Estela, da Folha de São Paulo, sobre metade das vagas nos ministérios ser preenchida por mulheres, o ex-presidente disse que não é de se comprometer com indicações antes de vencer as eleições. Ele reforçou que um eventual governo será formado por “pessoas que têm capacidade de assumir determinados cargos”.
“Eu não sou de assumir compromisso de me comprometer a fazer metade [dos ministérios chefiados por mulheres], a indicar religioso, a indicar mulher, indicar negro, indicar homem. Você vai indicar as pessoas que têm capacidade para assumir determinados cargos. Eu tenho o orgulho de ter indicado o primeiro negro para a Suprema Corte, indicado a Cármen Lúcia para a Suprema Corte”, pontuou Lula.
Impeachment de Dilma
Lula chamou o impeachment de Dilma de golpe, ocasião em que acusou o então senador Aécio Neves e o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de tramarem a deposição da petista. Segundo o ex-presidente, o Brasil fará um julgamento histórico sobre o episódio de 2016.
“Eduardo Cunha, Aécio Neves, juntos no Congresso Nacional, resolveram preparar o golpe que culminou com o desastre. Aqui se fala do governo da Dilma, mas ninguém falou do golpe que a Dilma sofreu em 2016. Ninguém falou que derrubaram uma mulher por causa de uma pedalada, e não se derruba um cara por uma motociata, ou seja, este país vai fazer o julgamento histórico da presidenta Dilma”, prosseguiu Lula.