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Tragédia em Brumadinho completa quatro anos e ainda não tem julgamento

O rompimento da barragem da Mina de Córrego do Feijão, da Vale, deixou 270 mortos e três desaparecidos. População atingida ainda aguarda reparação de danos e responsabilização dos envolvidos

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Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

A tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, completa quatro anos nesta quarta-feira (25). Em janeiro de 2019, uma barragem da Vale se rompeu, despejou milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na bacia do Rio Paraopeba e deixou 270 pessoas mortas.

Três corpos ainda não foram encontrados pelos bombeiros. São realizadas buscas diárias pelos desaparecidos na região no desastre. Nesta quarta, a população de Brumadinho realizou uma peregrinação em memória das vítimas da tragédia.

Na última terça-feira (24), a Justiça Federal aceitou uma denúncia do Ministério Público (MPF) contra 16 pessoas e as empresas Vale e Tüv Süd. Eles foram denunciados por homicídio qualificado, crimes contra a fauna e flora e crime de poluição. Entres eles está o diretor-presidente da Vale na época, Fabio Schvartsman.  

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber havia solicitado celeridade à Justiça Federal já que os crimes ambientais poderiam prescrever nesta quarta-feira (25). Com o aceite da denúncia, os crimes não correm mais esse risco. 

A ação do MPF ainda retira qualquer possibilidade de acordo, tendo em vista tamanha gravidade do fato, que, além das mortes, resultou em incontáveis danos socioeconômicos e socioambientais ao longo de mais de 500 quilômetros da calha do rio Paraopeba.

Em nota, o advogado da Vale, David Rechulski, declarou que: "Considerando a premissa de que o primeiro foco era o recebimento formal da denúncia com o fim de evitar-se a prescrição dos crimes ambientais, não causa surpresa que uma denúncia de 477 folhas, capeando mais de 80 volumes, num total de mais de 24 mil páginas, tenha sido recebida em menos de 24 horas. Nada mais havendo, portanto, para comentar-se a respeito."

A Tüv Süd afirmou que não vai comentar a decisão da Justiça Federal.

O laudo sobre a causa da tragédia foi apresentado em fevereiro de 2021 e apontou que a realização de perfurações verticais foram o gatilho para a liquefação que provocou o rompimento da es barragem. No processo de liquefação, materiais sólidos adquirem propriedades líquidas momentaneamente. 

De acordo com a PF, a Vale contratou, em outubro de 2018, uma empresa para fazer um laudo das condições da estrutura. O relatório foi entregue à mineradora em dezembro do mesmo ano, mas a Vale deu início às perfurações antes de analisar os resultados. Cinco dias antes da ruptura, a empresa começou a furar uma área crítica da barragem. 

Apesar do conhecimento do estado da estrutura, a consultoria Tüv Süd emitiu Declarações de Condição de Estabilidade que permitiram o funcionamento do local. A mineradora sabia da situação e entregou os documentos às autoridades. 

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