SP: Praça Pôr do Sol vira alvo de disputa de moradores na zona oeste de São Paulo

Os vizinhos se dividem entre os que querem transformar o local em parque e os que pedem a retirada das cercas colocadas pela Prefeitura

Central de Ouvintes Ricardo Boechat

A Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiros é um dos principais espaços ao ar livre da zona oeste de São Paulo.
Pôr do Sol sem cercas

Praça Pôr do Sol, no Alto de Pinheiros, vira alvo de disputa de moradores na zona oeste de São Paulo.

Parte dos vizinhos e urbanistas protestam contra a instalação das cercas e a restrição de horário por impedirem o acesso da população a um lugar público.

 Já algumas associações defendem que o local seja transformado em parque para receber mais investimentos.

 Conhecida como “Praça Pôr do Sol”, a Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiros é um dos principais espaços ao ar livre da zona oeste de São Paulo.

 Com cerca de 28 mil metros quadros, o equivalente a mais de três campos de futebol, o local voltou a receber visitantes por mais tempo nesta semana: das 6 da manhã às 8 da noite.

Em abril do ano passado, quando começou a quarentena no estado, a prefeitura instalou tapumes de metal e, posteriormente, grades de proteção durante toda a extensão.

Por 15 meses, ninguém podia entrar ali para evitar aglomerações durante a pandemia.

 Em agosto, a Subprefeitura de Pinheiros autorizou a reabertura, mas desde então, os portões tem horário para serem abertos e fechados.

Fernando Stein Galvão, que trabalha em logística, está animado com a ampliação do horário, mas ressalta que ainda há problemas no espaço.

“Os dois portões não permitem a entrada de cadeirante. A praça não tem piso tátil para deficientes. Falta muita coisa que poderia ter sido feita neste período”, reclama.

Mesmo antes de ser isolada, a Praça Pôr do Sol já era alvo de reclamações, como barulho alto por causa de festas durante a madrugada, presença de ambulantes irregulares vendendo bebidas alcoólicas, uso de drogas e lixos espalhados pelo local aos fins de semana.

A integrante do coletivo “Pôr do Sol sem cerca” Regina Cintra reconhece que o espaço precisa de melhorias, mas defende que a instalação de bloqueios e a restrição de horário para impedir o acesso da população a um lugar público são ilegais.

“Não adianta colocar cerca para impedir o acesso do público. Só há segregação do espaço”, disse Regina.

 Urbanistas consideram que as cercas de espaços públicos podem ter o efeito de apenas deslocar os problemas de violência e consumo de drogas para outro local, em vez de dar uma solução definitiva ao problema.

 Atualmente, a Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da capital tem um inquérito que investiga o cercamento do espaço, sem ter discutido com a população.

O promotor Arthur Tavares Moreira Barbosa afirma no processo que o isolamento da praça foi feito pela Prefeitura de São Paulo sem estudo para concessão do espaço para à iniciava privada.

 A principal crítica às cercas é a de que o espaço estaria sendo preparado para virar um parque.

 A presidente da Associação dos Amigos de Alto de Pinheiros Márcia Woods vê nesse projeto uma oportunidade de revitalizar o espaço.

“Transformar a Praça Pôr do Sol em parque é trazer melhor infraestrutura para esse espaço, porque será administrado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente e não mais pela subprefeitura de Pinheiros”, defende Márcia.

 Em julho, a Câmara aprovou, em primeira votação, um projeto de lei com esse objetivo.  Ainda é preciso uma segunda votação e, em caso de aprovação, a sanção do prefeito Ricardo Nunes.

Duas audiências públicas só foram realizadas, após a primeira votação no Legislativo.

A Prefeitura de São Paulo disse que o futuro do espaço envolve toda a sociedade e é acompanhada pela Subprefeitura de Pinheiros.

Antes de sua reabertura, a administração informa que realizou diversas obras de melhoria no local, como: reformas de equipamentos, como os brinquedos e o cachorródromo.

As calçadas e as ruas do entorno também passaram por serviços de tapa-buraco.

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