A gripe aviária ou influenza aviária de alta patogenicidade foi notificada no Brasil nesta semana. Duas aves selvagens e de espécies migratórias localizadas mortas no Espírito Santo apresentaram resultado positivo para a doença. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as barreiras sanitárias e as medidas de prevenção foram reforçadas para evitar que os tipos de vírus que provocam a gripe aviária cheguem em granjas comerciais.
Os vírus que provocam a gripe aviária são os do grupo Influenza A e podem ser dos tipos H5N1, H5N8, H7N9 e H9N2. A doença pode matar aves e raramente ocorre em humanos. Até hoje, dois casos em humanos foram notificados. A preocupação do setor, agora, é evitar que qualquer um dos tipos contaminem os criatórios comerciais do Brasil, que é o maior exportador de carne de frango do mundo, e a colocação de restrições comerciais ao país.
Na última segunda-feira (15), o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, reforçou que, apesar dos casos confirmados, o Brasil continua sendo um país com status sanitário livre da doença. “O Brasil [sistema de agrodefesa do país] é muito eficiente e durante todo o ano de 2022 até maio de 2023, foram realizados mais de 45 mil testes de amostragens. O Brasil detectou dois casos, em aves migratórias, mas ainda assim continuamos com o status sanitário de país livre da influenza”, disse. “Todas as medidas de prevenção, que já vem sendo aplicadas desde 2021, serão reforçadas”.
Brasil é exportador de aves
No ano passado, o Brasil exportou 4,8 milhões de toneladas de carne de frango e, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), neste ano, devem ser embarcadas mais de 5 milhões de toneladas. Por este motivo, a preocupação em torno da gripe aviária é grande no setor. A entidade reforçou que os casos no Espírito Santo não gerarão restrições às exportações e nem afetará o mercado interno.
Desde o fim de 2021, quando os casos de gripe aviária começaram a ser notificados na Europa, a ABPA instaurou medidas de prevenção junto às agroindústrias e produtores de aves em todo o país. As visitas aos plantéis foram restringidas e o controle sanitário, reforçado pelo setor.
Sacrifício de aves
A gripe aviária foi registrada pela primeira vez em 1996, na China e teve um pico em 2005, com alta mortandade na Ásia. Em outubro de 2021, o surto atual começou a ocorrer na Europa e se alastrou para outras regiões. Na América do Sul, os primeiros casos começaram a acontecer em janeiro, no Equador e Bolívia e, em março, casos foram registrados no Chile, Uruguai e Argentina.
A Organização Mundial da Saúde estima que a doença já matou mais de 200 milhões de aves em todo o mundo – 193 milhões precisaram ser sacrificadas para evitar uma pandemia e 15 milhões de aves foram localizadas mortas. Desde outubro de 2021, a OMS estima que foram registrados 42 milhões de casos.
As aves migratórias – como as que foram localizadas infectadas e mortas no Espírito Santo – são as principais transmissoras da doença. De acordo com a estação do ano, elas se deslocam de um continente para o outro e, no destino, têm contato com as espécies locais e as contamina.
Em março deste ano, no Chile, um caso de gripe aviária em humanos foi registrado em um homem de 58 anos. Ele ficou dias internado em estado crítico e se recuperou. Em 12 de abril, uma mulher de 53 anos morreu na China após ter contato com aves contaminadas.