O presidente Lula teceu críticas às taxas de juros, a Selic, na manhã desta terça-feira (27), durante o programa semanal Conversa com o presidente, ao anunciar o Plano Safra 2023/2024 de R$ 364 bilhões, para o financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país. De acordo com o Palácio do Planalto, os recursos vão apoiar a produção agropecuária nacional de médios e grandes produtores rurais até junho de 2024.
O presidente criticou a manutenção da atual taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%. “Serão R$ 364 bilhões a uma média de 10% de juros ao ano. É caro. É muito caro. Esses juros poderiam ser mais baratos. Aí, tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem pôs ele lá, que traz os juros a 13,75%. Vamos emprestar R$ 364 bilhões para os agricultores do agronegócio a 10% de juros. Amanhã, vamos lançar o programa da agricultura familiar, me parece R$ 75 bilhões, a uma taxa de juros menor do que essa.”
O volume anunciado para o Plano Safra 2023/2024 está dentro do esperado pelo setor, as taxas de juros, porém, não agradam. Em alguns casos, as taxas superam os dois dígitos.
O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, também fez críticas duras ao Banco Central (e ao seu presidente, Roberto Campos Neto) sobre os juros. O ministro afirmou que será necessário convocar o presidente do Banco Central. “Precisamos conhecer a sua responsabilidade com o Brasil. Uma das metas do Banco Central é manter o controle da inflação, o que tem sido alcançado com êxito. A política econômica está progredindo bem, enviando sinais cada vez mais fortes de que o controle da inflação é permanente. Qual é a justificativa para uma taxa de juros básica, a Selic, de 13,75%? O que ele considera sobre o emprego? E quanto ao desenvolvimento do país? A aprovação do seu nome foi feita pelo Senado, e essa aprovação ocorreu com base nessas condições e compromissos. E nós temos o direito de cobrar a sua posição”, disse.
Fávaro afirmou que vai comparecer ao Senado para debater com Campos Neto. “Com a permissão do senhor [presidente Lula], se ele estiver no Senado para esse debate, eu me licenciarei por mais um dia, pois quero estar presente também para participar desse debate. O Brasil não pode ficar nas mãos de alguém que não esteja comprometido com a geração de empregos e com o desenvolvimento econômico”, afirmou.