Brasileiro está pagando mais caro pelo "prato feito"

Com o alerta da escassez de arroz e feijão no Brasil, os preços dos pratos podem variar em até 336%

Da Redação

Prato feito está ficando mais caro com menor produção de arroz e feijão
Divulgação/Mapa

Para quem precisa se alimentar fora de casa, o prato feito — que geralmente corresponde ao arroz, feijão, salada, carne e até batatas fritas — pode ser uma opção prática e bastante econômica. Mas mesmo assim, dependendo da região ou dos restaurantes próximos ao trabalho ou estudos, os preços podem variar.

A zona sul de São Paulo foi a região com o preço médio mais caro encontrado, em uma padaria localizada no Itaim Bibi, o PF (arroz, feijão, carne e salada de alface e tomate), custa R $29,90. Já no centro paulistano, o maior preço foi de R $32,00 e a diferença do valor de um prato feito foi de R$19,00. Comparando o preço do PF entre as regiões com o menor preço encontrado, temos uma variação de 157% a mais na zona sul. 

O preço médio da zona oeste foi de R $20,13. Já a zona norte, a mais barata dentro do recorte de São Paulo, tem o valor médio de R $18,80 e a diferença entre os preços é de R$ 11,90. Comparando os valores da zona norte de SP e da Zona Sul, a variação chegou a 159%. No mês (considerando 22 dias úteis na Zona Sul, o trabalhador gasta R$ 657,00 e o da zona norte R $413,60, uma economia de R $243,40. 

Com as notícias da escassez do arroz e do feijão para os próximos anos, surge um alerta principalmente para quem faz uma ou mais refeições fora de casa. Segundo pesquisa realizada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a Universidade de São Paulo, até 2050 o Brasil precisa  aumentar em 44% a sua produção de feijão para atender o mercado. Mas, para dificultar essa tarefa, os produtores terão de enfrentar uma elevação na temperatura de até 2,8ºC nas próximas duas décadas, prevista pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas. 

Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no Comércio Exterior, a variação significativa nos preços do prato feito entre diferentes regiões da cidade e do país pode ser um indicativo da complexidade do mercado de alimentos e da logística envolvida no comércio de produtos agrícolas. “As características geográficas do Brasil favorecem a produção do feijão no território nacional. Nesse aspecto, a exportação do produto tem grande importância. Principalmente em um momento em que os grãos estão valorizados no mercado externo. Esse fator, somado com o valor elevado do dólar, contribuem para os preços mais altos no Brasil”, afirmou o executivo.

O arroz também foi protagonista de notícias nos últimos dias, porque a colheita de 2023 ficará abaixo dos 10 milhões de toneladas, segundo Companhia Nacional de Abastecimento. A queda da produção do arroz e feijão acompanha a redução da área plantada dessas culturas, estimada em 30% nos últimos 16 anos. O consumo do grão também diminuiu. 

“Com o aumento da demanda por produtos agrícolas como o feijão e a necessidade de ampliar a produção nacional, empresas do setor de comércio exterior podem identificar oportunidades de exportação para países que enfrentam escassez ou dificuldades em produzir esses itens. Tudo isso colabora para o aumento nos preços, por mais que tenha um aspecto positivo, no aumento da comercialização dos produtos no mercado externo e a ampliação de mercados”, explicou Pizzamiglio.

Em outras capitais como Rio de Janeiro, o prato feito pode ser encontrado  por R$ 22,80 na região central, na zona sul o prato pode chegar a R$ 40,00, uma diferença de R$ 17,20, o que corresponde a 57% a mais entre as localidades. Em Porto Alegre, o prato custa na média R$ 28,23 e em Salvador o prato feito varia entre R$ 9,00 a R$ 42,00. 

Em Belo Horizonte, o preço médio do tradicional PF subiu de R$ 20,72 para R$ 22.90, aumento de 10%. Entre estabelecimentos, o valor varia de R$ 10,99 a R$ 48,00 - diferença de 336% e o morador de Brasília gasta, em média, R$ 37,14 por dia para comer um prato de comida fora de casa. Já em Goiânia (GO), a pessoa paga R$ 31,13 por uma refeição semelhante. 

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