O Dia Internacional do Milho é comemorado nesta segunda-feira (24) e, para o agronegócio brasileiro, pode ser ainda mais simbólico. Isso porque o Brasil está prestes a se tornar o maior exportador mundial do cereal, de acordo com os dados da consultoria AgRural. As exportações brasileiras de milho atingiram um recorde de 43,17 milhões de toneladas em 2022, mais do que dobrando em comparação com o ano anterior. A expectativa é que o país exporte entre 46 e 47 milhões de toneladas de milho em 2023, consolidando sua posição como líder mundial nesse setor.
Para Fábio Pìzzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior, a expectativa positiva pode representar uma quebra de paradigma no mercado externo. “Os Estados Unidos sempre foram reconhecidos pela sua produção e exportação de milho, que estão presentes na cultura norte-americana como um todo. Porém, estamos vendo um crescimento significativo do nosso país, principalmente quando tratamos de preço e da qualidade dos nossos produtos”, apontou o executivo.
Ainda segundo as informações da consultoria de mercado, a possível liderança do Brasil como maior exportador de milho em 2023 será o resultado de uma conjuntura específica, relacionada à lenta exportação dos Estados Unidos e aos preços pouco competitivos do milho norte-americano. Os produtores norte-americanos retiveram o milho e optaram por vendê-lo posteriormente, o que elevou os preços e impulsionou as exportações brasileiras nos últimos meses de 2022 e no início de 2023.
“Existem aspectos que precisam ser observados, principalmente quando tratamos da questão climática, que é de grande importância para a nossa agricultura. Porém, acredito nos resultados postivos”, afirmou Pizzamiglio.
Mas mesmo com o país tomando a liderança, a produção de milho nos países das Américas, Brasil e Estados Unidos, apresenta perspectivas promissoras para as próximas safras, de acordo com relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Brasil. O Brasil espera alcançar uma produção de 133 milhões de toneladas de milho na safra 2023/24, com uma área de 22,8 milhões de hectares a serem colhidos, representando um aumento em relação à safra anterior. A Conab também estima um aumento de 9% na produção total de milho em relação ao ano anterior, chegando a 123,7 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, a produção esperada é de cerca de 348,76 milhões de toneladas em 2023, com uma produtividade estimada de 181,28 sacas por hectare. Esses números indicam uma perspectiva positiva para o setor do milho nessas nações, impulsionada pelo aumento da área plantada e pelo investimento em tecnologia e manejo agrícola.
“O preço do milho brasileiro será o grande diferencial nesta disputa com o produto norte-americano. Além disso, os esforços brasileiros em relação a qualidade do cereal e a sustentabilidade, são diferenciais que farão o nosso milho ser adquirido por mais mercados. E ainda há espaço para a expansão do mercado externo”, analisa Pizzamiglio.
Além do milho, o Brasil também espera colher safras recordes de soja e algodão herbáceo em 2023, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção de soja é estimada em 147,2 milhões de toneladas, um aumento de 23,2% em relação ao ano anterior. Adicionalmente, é esperado que a colheita de sorgo alcance a marca de 3,1 milhões de toneladas, indicando um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior, ainda de acordo com os dados do IBGE.
Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostram que atualmente o Brasil é o segundo maior player no mercado mundial de grãos, com uma fatia de 19% das exportações internacionais. Nas últimas duas décadas, as exportações brasileiras ultrapassaram 1,1 bilhão de toneladas, representando 12,6% do total exportado globalmente.