O que é endometriose? Quem tem a doença pode engravidar?

Estima-se que 1 em cada 10 pessoas com útero tenham endometriose; doença não tem cura, mas pode ser tratada e controlada com remédios ou eventualmente cirurgia

Ana Carla Bermúdez, especial para band.com.br

Famosas como Anitta, Larissa Manoela, Patrícia Poeta e Giovanna Ewbank já falaram abertamente sobre terem recebido o diagnóstico de endometriose, doença que afeta pessoas com útero e pode provocar, entre outros sintomas, fortes dores e inflamações durante o período menstrual (e também fora dele). 

Em alguns casos, a endometriose pode estar relacionada ainda à infertilidade ou à dificuldade para engravidar. Como a endometriose é uma doença relacionada ao útero, muitas vezes seus sintomas são menosprezados ou confundidos com cólicas menstruais, o que contribui para uma demora generalizada no diagnóstico da doença.

Em média, uma pessoa com endometriose pode levar de 7 a 10 anos para receber um diagnóstico preciso. No entanto, há casos de quem levou mais de duas ou três décadas para descobrir ou confirmar a presença da doença. Em meio a esse cenário, além das dores físicas, é frequente também o sofrimento psicológico.

Em todo o mundo, estima-se que 1 em cada 10 pessoas com útero (cerca de 190 milhões de pessoas) tenham endometriose. Mas, afinal, como ela surge? A endometriose tem cura? Quem tem endometriose pode engravidar? Qual é o tratamento para a doença? Entenda mais a seguir.

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença crônica, reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como problema de saúde pública, que acontece quando há presença de tecido similar ao do endométrio, que reveste a camada interior do útero, do lado de fora desse órgão. 

Esse tecido pode se instalar em lugares como o intestino, ovários, bexiga, ligamentos da pelve e até no diafragma ou no pulmão. 

Mesmo fora do útero, esse tecido responde às variações hormonais do corpo, podendo sangrar ou causar aderências entre os tecidos de diferentes órgãos, provocando fortes dores e outras complicações. Entre os sintomas mais frequentes da endometriose, estão:

  • Dor pélvica crônica;
  • Dor durante ou após as relações sexuais;
  • Dor e desconforto abdominal;
  • Inchaço abdominal;
  • Dor ao urinar;
  • Fatiga;
  • Depressão ou ansiedade.

O que é endometriose intestinal?

Quando a endometriose atinge tecidos do intestino, acontece a chamada endometriose intestinal. Nesse caso, os sintomas tendem a ser mais específicos e podem envolver alterações no funcionamento do intestino (como constipação ou diarreia), dor ou sensação de pressão ao evacuar e sangue nas fezes.

A endometriose intestinal pode ser do tipo superficial, quando a doença afeta apenas a parte externa do intestino, ou do tipo profunda, quando as lesões da endometriose se infiltram na parede interna de qualquer parte do órgão.

Quem tem endometriose pode engravidar?

Sim, é possível que uma pessoa com endometriose consiga engravidar. Em alguns casos, no entanto, devido aos impactos da endometriose na cavidade pélvica, nos ovários, nas tubas uterinas e no próprio útero, a endometriose pode causar infertilidade ou dificuldade para engravidar. 

Estima-se que de 30% a 50% das pessoas com endometriose podem apresentar algum tipo de infertilidade. Em geral, recomenda-se o uso de métodos como a FIV (fertilização in vitro) para quem tem endometriose e não consegue engravidar por meios naturais após uma série de tentativas.

Endometriose aumenta a barriga ou engorda?

A endometriose por si só não está relacionada ao ganho de peso. No entanto, as inflamações causadas pela doença podem provocar inchaço abdominal e retenção de líquidos, que podem vir a aumentar a barriga visualmente.

Além disso, durante o tratamento da doença, é possível que o uso de hormônios favoreça o aumento de peso --mas isso vai depender do histórico e da pré-disposição de cada pessoa, além do tipo de medicamento usado.

O que causa a endometriose?

Ainda não se sabe exatamente qual é a causa da endometriose. Entre as hipóteses possíveis para o surgimento da doença, estão a da metaplasia celômica (quando células de um tecido se transformam em outro), o envolvimento de células-tronco na formação da endometriose e também alterações imunológicas.

Como descobrir a endometriose?

A endometriose pode ser diagnosticada através da correlação entre os sintomas clínicos de um paciente e os resultados de exames de imagem específicos para a doença, como ressonância magnética da pelve e/ou ecografia transvaginal. 

Em geral, esses exames exigem um preparo intestinal para a melhor visualização dos possíveis focos da doença.

No entanto, há casos de endometriose que podem não aparecer nos exames de imagem. Por isso, é importante que médico e paciente se atentem à presença de sintomas que indiquem uma suspeita de endometriose. 

Nesses casos, é possível a realização de uma videolaparoscopia --procedimento cirúrgico feito com a inserção de uma câmera por pequenas incisões no abdômen-- para exploração da região pélvica e abdominal, confirmando ou não a presença de focos da doença.

O CID utilizado para o diagnóstico da endometriose é o N80, que possui diversas subcategorias, como o N80.1 (endometriose do ovário) e o N80.5 (endometriose do intestino).

Endometriose tem cura? Quem tem endometriose precisa fazer cirurgia?

Até o momento, não existe uma cura para a endometriose. A doença, no entanto, pode ser tratada e controlada pelo uso de remédios, que em geral atuam para diminuir a produção de estrogênio (hormônio que promove o crescimento do endométrio e o faz sangrar todos os meses).

A realização de cirurgia também pode ser recomendada. Feita por videolaparoscopia, ela tem como objetivo a retirada dos focos de endometriose. A cirurgia pode ser indicada ainda para liberar as aderências entre órgãos devido à presença da endometriose. 

No entanto, nem todos os casos de endometriose são cirúrgicos. O tratamento dependerá sempre da avaliação feita pelo médico.

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