A farinha usada no bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família durante as festas de Natal no Rio Grande do Sul continha arsênio. Segundo o Instituto-Geral de Perícias do estado, a farinha tinha uma quantidade de arsênio 2,7 mil vezes maior que o permitido.
A perícia indica que é impossível dizer que é uma contaminação natural, como da degradação de um ingrediente. O arsênio, portanto, entrou na receita do bolo de alguma forma.
Uma mulher foi presa, apontada como a suspeita de colocar o semimetal na farinha da sobremesa. Ela é nora de Zeli Terezinha Silva dos Anjos, de 61 anos, que fez o bolo.
Foram encontradas concentrações altíssimas de arsênio nas amostras de sangue, urina e conteúdo estomacal das três vítimas fatais. Uma concentração permitida de arsênio na urina, por exemplo, é de 0.35 microgramas por litro. Mas, em uma das vítimas, foi encontrada uma quantidade 350x maior que a permitida.
Mas o que é arsênio?
Com símbolo As na tabela periódica, o arsênio é um semimetal. Na forma metálica, ele é brilhante, quebradiço e prateado. Ele é encontrado naturalmente na crosta terrestre e está presente em mais de 200 minerais, sendo um subproduto do tratamento de minérios de cobre, chumbo, cobalto e ouro.
No meio ambiente, ele é liberado por poeiras, vulcões e mineração de metais não ferrosos. Insolúvel em água, o arsênio é mais presente no solo, formando complexos com óxidos de ferro, alumínio e magnésio.
Ele é considerado um dos cinco elementos mais letais do mundo, ao lado do chumbo, tálio, antimônio e mercúrio.
Onde o arsênio é utilizado?
Apesar de ter se tornado famoso em casos como o do Rio Grande do Sul, o arsênio tem diversas utilizações na indústria e agricultura no Brasil.
O arsênio metálico é utilizado na produção de ligas, compostos para fabricação de semicondutores. Já o ácido arsênico e o trióxido de arsênio são usados como descolorante, clareador e dispersante de bolhas de ar na
produção de garrafas de vidro e outras vidrarias.
O elemento também é utilizado para conservação de fósseis e o trióxido de arsênio é usado para o tratamento de pacientes com leucemia.
A substância também é usado como defensor agrícola, herbicida e até como veneno contra ratos. Além disso, o arsênio é usado como pigmento e em pirotecnia.
Arsênio traz riscos para a saúde humana
O ser humano pode se expor ao arsênio de forma segura em quantidades mínimas, como por inalação no ambiente. De forma não ocupacional, como no caso do bolo envenenado no Rio Grande do Sul, a exposição a arsênio pode trazer riscos graves à vida.
Os sintomas clínicos de intoxicação por arsênio são: dor abdominal, vômito,
diarreia, vermelhidão da pele, dor muscular e fraqueza. Dormência, formigamento, cãibras e outros sinais também podem ser identificados em quem é exposto ao arsênio.
Em doses altas, o arsênio pode causar a morte, por se acumular rapidamente no fígado, rins, ossos e pulmões.