Mucosite oral: o que você precisa saber sobre este efeito comum no tratamento de alguns tumores

Oncologista explica cuidados que evitam complicações

Por Instituto Vencer o Câncer

Algumas estratégias reduzem impacto da mucosite durante tratamento do câncer
John Oliver

A mucosite oral é uma complicação comum e desafiadora para pacientes que passam por tratamentos contra o câncer de cabeça e pescoço. O termo refere-se à inflamação de qualquer mucosa, sendo a oral aquela que afeta a boca, incluindo bochechas, gengivas e, muitas vezes, as regiões da orofaringe e nasofaringe.

Entre as causas, destacam-se as mucosites radioinduzidas, extremamente frequentes nos tratamentos de radioterapia. Inicialmente, elas se apresentam como pequenas aftas que, com o avanço do tratamento, podem evoluir para lesões maiores, mais dolorosas e difíceis de manejar. Essa progressão torna essencial um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo radioterapeutas, oncologistas e dentistas, para prevenir ou minimizar a gravidade das lesões.

O papel do cuidado multidisciplinar

Embora a mucosite seja comum durante o tratamento, é possível implementar estratégias para reduzir seu impacto. A analgesia desempenha um papel central no alívio da dor e, em alguns casos, pode ser necessário o uso de analgésicos mais potentes, como adesivos de fentanil. Esses medicamentos, embora causem receio em alguns pacientes, são temporários e fundamentais para melhorar a qualidade de vida durante essa fase.

Dentistas também têm um papel importante no manejo da mucosite. A laserterapia, por exemplo, é uma técnica eficaz para acelerar a cicatrização das feridas, enquanto soluções de enxágue específicas, prescritas de acordo com cada caso, ajudam a reduzir o desconforto e prevenir infecções secundárias.

Adaptações dietéticas e orientações importantes

Outro aspecto essencial no cuidado com pacientes com mucosite é a adaptação da dieta. Ajustar a consistência dos alimentos, priorizando texturas macias e não abrasivas, e optar por refeições frequentes e nutritivas ajudam a minimizar o impacto das lesões e garantem o aporte nutricional necessário para a recuperação.

Esses cuidados devem ser personalizados conforme a gravidade das lesões, o tipo de tumor e a localização do campo irradiado. A colaboração entre equipe médica e paciente é fundamental para o sucesso do tratamento e para a minimização do desconforto.

Se restarem dúvidas ou preocupações sobre o manejo da mucosite, é essencial buscar orientações com os profissionais envolvidos no tratamento. Juntos, é possível lidar melhor com essa etapa desafiadora e promover um cuidado mais humanizado e eficaz.

Maria Alzira Rocha é oncologista no Hospital Israelita Albert Einstein e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer

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