Medo de sequelas assusta homens em tratamentos para câncer de próstata

O câncer de próstata é hoje o tumor maligno mais frequete entre os homens no Brasil (sem contar o câncer de pele do tipo não melanoma, que é o mais prevalente na população brasileira atualmente). 

Dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) estimam que o Brasil deve registrar 72 mil novos casos por ano até 2025. É uma doença considerada silenciosa, já que esse tipo de tumor evolui de forma assintomática na maoria dos casos --dificultando o diagnóstico precoce e as chances de cura. 

Mas há ainda outras dificuldades. A resistência em dar atenção à própria saúde (e, muitas vezes, a sintomas suspeitos), por exemplo, é cultivada desde a juventude masculina. Para se ter uma ideia, um estudo feito pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) mostrou que o número de consultas de adolescentes meninos (entre 12 e 18 anos) é 18 vezes menor que os atendimentos de ginecologistas a meninas na mesma faixa etária.  

"Muitas vezes, os homens saem do pediatra na adolescência e nunca mais procuram um médico até os 40, 45, 50 anos", afirma o urologista Daher Chade, especialista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo em urologia com foco em oncologia.  

Chade participou do segundo episódio do podcast De Bem Com a Saúde para falar sobre o câncer de próstata. Durante a conversa, ele falou sobre como a resistência masculina em buscar médicos e fazer exames de rotina pode atrasar o diagnóstico de doenças graves e citou o próprio pai como exemplo. 

"Meu pai ficou oito anos sem ir ao médico e, quando descobriram, já estava com câncer de bexiga avançado. Infelizmente, ele não está mais entre nós", diz. "Mas era algo que ele poderia ter resolvido antes, quando começou a urinar sangue", lamenta.

Sequelas assustam homens e aumentam resistência 

No caso do câncer de próstata, o médico explica que a maioria dos casos é detectada ainda na fase inicial --ou seja, com maiores chances de cura. 

No entanto, o medo de ter sequelas que comprometam a performance sexual faz com que muitos homens resistam a buscar ajuda, atrasando o diagnóstico.

“Quando ainda está em fase inicial e pode ser curado, os principais tratamentos são a cirurgia e o uso de radioterapia no local", explica. “A chance de cura é alta. Porém, há um preço por isso, que são as sequelas”, pondera. 

Segundo ele, os dois tipos mais comuns de sequelas são a perda da capacidade de ter ereção espontânea, apresentando uma queda de performance sexual; e a incontinência urinária. 

No entanto, o oncologista explica que isso não é regra. “Hoje, com os avanços da medicina, há mais homens que fazem tratamento e ficam sem nenhuma sequela. Mas isso é bastante individual e vai depender inclusive da idade dele, já que um homem de 60, 70, 80 anos vai ter uma diminuição natural da sua potência sexual”, explica. 

Nem tudo está perdido

Uma questão importante é que, muitas vezes, a incapacidade de ter ereção ou a incontinência urinária ocorrem após a cirurgia, mas de forma transitória. “Geralmente, durante a fase de recuperação, isso pode acontecer”, diz. 

Já os pacientes que de fato apresentam sequelas permanentes ainda podem ter esperança. O médico lembra que mesmo esses indivíduos ainda podem usufruir dos avanços da medicina moderna para ter qualidade de vida após a retirada do câncer. 

“Falo para os pacientes que vão para cirurgiia que eles vão voltar a ter atividade sexual. A gente só não sabe se vai ser uma ereção espontânea, se vai ser com medicação ou outros tatamentos mais invasivos, mas que, se eles quiserem, eles vão, sim, voltar a ter vida sexual”, conta. 

O podcast De Bem com a Saúde é uma realização da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo com a Band Jornalismo. 

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