A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que concluiu o sequenciamento genético do vírus Monkeypox (MPXV), que causa a varíola dos macacos, coletado de um paciente do Rio de Janeiro. Por meio de nota à imprensa, a instituição informou que se trata de um vírus do clado B.1 (grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo), o que mais circula atualmente.
O número de casos de varíola dos macacos (monkeypox) no Brasil chega a 37, segundo informações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. São 28 casos em São Paulo, seis no Rio de Janeiro, dois no Rio Grande do Sul, e um em Minas Gerais.
De acordo com a Fiocruz, sua Rede Genômica fez uma análise metagenômica, com o uso da tecnologia Illumina. A amostra foi retirada de um paciente que foi atendido no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio.
“A técnica permite o detalhamento do DNA do patógeno, contribuindo para um melhor entendimento do atual surto – que já ultrapassa 4,7 mil casos pelo mundo, segundo dados reunidos pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC/EUA)”, informa a nota.
O que é a doença?
A varíola dos macacos é uma infecção viral rara considerada mais leve que a varíola humana registrada no passado. Ela foi registrada pela primeira vez na República Democrática do Congo na década de 1970, e o número de casos tem aumentado na última década na África Ocidental.
De acordo com Álvaro Furtado, infectologista do Hospital das Clínicas da USP, existem registros na literatura de pessoas que viajaram para a África, tiveram contato com primatas e desenvolveram a doença. O que intriga os estudiosos no momento é que começaram a aparecer casos na Europa de pacientes que não viajaram e nem tiveram contato com pessoas que viajaram.
“A varíola que a gente conhece, que causa aquela doença grave, foi erradicada, não circula mais nos homens. O único jeito de usar o vírus hoje seria como arma biológica – até tivemos medo, com a guerra na Ucrânia, de que isso poderia acontecer”, explica.
"Agora, existem outros vírus de varíola em animais – não só em macacos, mas em outros em ambiente silvestre – e, quando o homem entra em contato com esses animais, pode se contaminar. O que intriga é que alguns pacientes tiveram contato e adquiriram a doença, mas logo disparou uma cascata de casos na Europa que parece que não tem tanta relação só com essa questão de contato. A velocidade de transmissão tem intrigado”, completa Furtado.
Segundo o infectologista, os principais sintomas da varíola do macaco são febre, dor no corpo e aparecimento de lesões na pele, semelhantes a bolhas de água, simétricas, assim como ínguas na região genital.