Os pacientes diabéticos, principalmente aqueles com a doença do tipo 2 mal controlada, podem apresentar uma probabilidade maior de desenvolver um câncer, especialmente tumores de mama, fígado, intestino, pâncreas e endométrio.
Um dos fatores para que isso ocorra é a chamada hiperinsulinemia, que é o aumento constante dos níveis da insulina no nosso corpo. A insulina possui uma ação anabolizante, que promove um estímulo maior à multiplicação celular. Desta forma, ao longo da vida, o diabético acaba tendo mais chances de desenvolver alguma célula cancerígena.
Além disso, a hiperglicemia (quando os níveis de açúcar no sangue estão muito elevados) parece gerar um estresse oxidativo alterando o DNA celular, outro fator de risco para câncer.
É importante ressaltar, também, a presença comum de comorbidades nestes pacientes. Muitas vezes são pessoas sedentárias, obesas, que possuem uma dieta com alto teor de gordura, açúcares e alimentos industrializados. Estes fatores também aumentam o risco de câncer, independentemente de o paciente ter ou não o diagnóstico prévio de diabetes.
O que os estudos mostram atualmente é que muito provavelmente esses fatores se associam e fazem com que essa população possa ter maior chance de desenvolver câncer ao longo da vida.
Por isso, deixo aqui o alerta para que os cuidados com a saúde ao longo da vida sejam sempre prioridade no dia-a-dia, com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e com o controle de doenças crônicas, como o diabetes.
Maria Alzira Rocha é médica oncologista no Hospital Israelita Albert Einstein e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer