Covid-19 pode causar pneumonia? Infectologista comenta relação entre doenças

Especialista aponta que infecção agora pode ser assintomática e evoluir para complicações sérias; vacina segue principal forma de combater vírus

Por Luiza Lemos

Casos de Covid-19 podem evoluir para pneumonia
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil vive um aumento de casos de Covid-19, segundo o último boletim InfoGripe, divulgado na quinta-feira (5) pela Fiocruz. Além disso, o país vive também um crescimento nos casos de pneumonia, onde muitas vezes o paciente apenas apresentou sintomas quando a condição já era grave. 

A infectologista Gabriela Leite de Camargo explica haver uma relação entre o aumento nos casos, especialmente em pessoas com comorbidades. "A infecção pelo vírus pode inicialmente ser assintomática ou apresentar sintomas leves, mas evoluir para complicações mais sérias, como a pneumonia", pontua. 

Segundo a especialista, essa evolução grave pode ocorrer como parte da Covid-19 longa ou "devido à inflamação persistente no trato respiratório causada pelo vírus". 

Atualmente, quem se infecta com Covid-19 sente outros sintomas dos já conhecidos. Gabriela indica que isto ocorre justamente pela aplicação das vacinas e que os sintomas tendem a ser mais leves. "Entre os mais comuns estão dor de garganta, coriza, tosse seca, fadiga e dor de cabeça", pontua. 

Dentre as explicações para o aumento nos casos no país, estão o relaxamento das medidas preventivas, a baixa procura da população para completar o esquema vacinal e o clima seco, que causa maior propagação de doenças infectocontagiosas. 

Novas cepas causam preocupação, mas vacinas seguem como proteção da população

Com novas cepas da Covid-19 pelo ar, especialistas monitoram as diversas variantes da doença. A infectologista pontua que há subvariantes, mas que muitas vezes não têm tantos sintomas graves. 

"A variante EG.5, conhecida como Eris, é uma subvariante da Ômicron que tem se tornado dominante em diversos países. Ela se caracteriza por uma transmissibilidade elevada, mas, até o momento, não parece estar associada a formas mais graves da doença", afirma. 

Outra variante que Gabriela Leite de Camargo afirma ser preocupante é a BA.2.86, conhecida como Pirola. " Essa cepa tem recebido atenção devido ao seu alto número de mutações, especialmente na proteína spike, o que pode torná-la mais transmissível e capaz de escapar da imunidade conferida pelas vacinas", diz. Ela já é estudada, mas ainda não há conclusão sobre o impacto na gravidade dos casos. 

Além dessas, há também a chamada Kraken, outra subvariante da Ômicron. "Ela já circula no Brasil e, apesar da variante ter demonstrado uma maior capacidade de transmissão e de evasão parcial da imunidade, principalmente em pessoas que não receberam doses de reforço, a gravidade das infecções causadas por ela tem sido menor, graças à proteção conferida pelas vacinas", afirma.

Vacina continua como a melhor proteção contra a Covid-19

O Ministério da Saúde segue recomendando a administração de doses de reforço para públicos mais sensíveis à Covid-19. Principalmente idosos e imunocomprometidos. Atualmente, a campanha da pasta estabelece duas doses por ano, com um intervalo mínimo de seis meses entre elas para pessoas com mais de 60 anos, indivíduos imunocomprometidos com mais de 5 anos, gestantes e puérperas.

" Os cuidados com as novas cepas de Covid-19 incluem a continuidade da vacinação, com doses de reforço que possam ser adaptadas às novas variantes, além da manutenção de medidas preventivas, como o uso de máscaras em locais fechados e com aglomerações, a higienização frequente das mãos e o isolamento em caso de sintomas", afirma a infectologista.

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