Qual o peso da hereditariedade nos casos de câncer e como estes casos dever ser tratados? Este foi um dos temas do evento realizado pelo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) realizou na semana passada, sobre a importância de cuidados específicos para controle dos tumores causados por alterações genéticas.
Segundo o Instituto, “cerca de 10% dos cânceres são hereditários, o que representa quase 50 mil ocorrências anualmente, uma vez que o INCA estima 483 mil novos casos de câncer (excluindo-se os de pele não melanoma) para cada ano do triênio 2023/2025”.
“Sabemos, por exemplo, que o câncer de próstata pode ter relação com algumas mutações genéticas. As mais estudadas são nos genes BRCA1 e BRCA2, mas esses casos correspondem à minoria”, destaca a oncologista Maria Alzira Rocha, médica do Hospital Israelita Albert Einstein e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.
“Não somente no caso do câncer da próstata, mas dos cânceres em geral, o mais comum é que a gente tenha essa doença por questões ambientais e não por questões genéticas e hereditárias”, acrescenta.
Atenção aos fatores ambientais e hereditários
Sobre o câncer de próstata, a oncologista ressalta que a avaliação genética destas mutações deve ser indicada quando o paciente tem um diagnóstico da doença em idades precoces, quando for um tumor com características de maior agressividade ou se há casos de câncer – especialmente de próstata, de mama e de ovário – em parentes próximos.
“Mas, além desta questão hereditária que corresponde a uma minoria dos casos, é importante que a gente esteja atento aos fatores ambientais, porque estes são passíveis de modificação e podem reduzir os riscos do câncer de próstata e de outros tumores”, acrescenta Maria Alzira Rocha.
Especificamente sobre a próstata, a idade e a raça negra são fatores relacionados ao maior risco. No entanto, questões ambientais como o hábito de vida, a obesidade, tabagismo e sedentarismo fazem a diferença. “É importante, ainda, estarmos atentos ao acompanhamento urológico de rotina, com coleta de PSA e o toque retal.
O urologista é o profissional indicado e adequadamente capacitado para fazer este seguimento e oferecer ao paciente o diagnóstico precoce. Porque, tendo ou não a alteração genética, conseguimos entregar um tratamento com maiores chances de cura, quanto mais precoce for este diagnóstico”, afirma