Câncer de pele: como diferenciar uma pinta de uma lesão mais grave?

Pintas que surgem após os 45 anos devem chamar atenção, segundo especialista

Isabella Sanches, da Agência Einstein

É importante ficar atento para pintas que surgem após os 45 anos
PxHere

Quando células anormais da pele passam a se multiplicar sem controle, formam-se os tumores, ou o câncer de pele. Diferenciar uma lesão de uma pinta, no entanto, nem sempre é simples, mas a importância dessa identificação é significativa.  

O câncer de pele é o mais frequente no mundo, e o de maior incidência no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que cerca de 33% de todos os tumores malignos diagnosticados no país sejam de neoplasias localizadas na pele, com uma média de mais de 180 mil novos casos registrados todos os anos.  

Tipos e subtipos do câncer de pele 

O tipo mais comum de câncer de pele é o chamado de não melanoma, que aparece tanto em homens como em mulheres e possui uma baixa taxa de mortalidade. No entanto, se não for tratado adequadamente, pode deixar mutilações expressivas no paciente.  

O câncer de pele não melanoma se divide em dois subtipos:  

  • Carcinoma basocelular (CBC) – é o mais comum e surge nas células basais (localizadas na camada mais profunda da pele). Raramente apresenta metástase. É mais frequente em áreas expostas ao sol como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas.  
  • Carcinoma espinocelular (CEC) – se manifesta nas células das camadas superiores da pele e pode surgir em qualquer parte do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol. O CEC é um pouco mais perigoso e pode apresentar metástase.

Já o câncer de pele do tipo melanoma tem origem nos melanócitos (células da pele que produzem melanina e dão a cor ao tecido) e costuma acometer mais adultos brancos. É o tipo mais agressivo de câncer de pele e tem alta letalidade devido ao alto risco de se espalhar para outros órgãos do corpo (no processo chamado de metástase). Costuma ser raro, correspondendo a apenas 3% dos casos diagnosticados.  

De acordo com o médico dermatologista Renato Pazzini, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e do corpo clínico dos Hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz, alguns parâmetros são observados para se identificar uma lesão do tipo melanoma. “Seguimos a regra chamada de ‘ABCD’, que significa observar a presença ou não de assimetria, bordas irregulares, coloração múltipla e diâmetro maior do que 5 mm”, afirma.  

Atenção às pintas tardias

A principal causa para o surgimento de todos os tipos de câncer de pele é a exposição excessiva ao sol – mas ela não é a única. Exposição a agentes químicos, feridas crônicas e a genética familiar são fatores que também podem desencadear o problema.  

Pazzini lembra ainda que é importante ficar atento para pintas que surgem após os 45 anos. “Não é normal surgir novas lesões após essa idade”, alerta. Se a lesão aparece como uma bolinha que vai crescendo e vira uma ferida que nunca cicatriza completamente; ou ainda que apresente coloração variada ou bordas irregulares, ela se torna uma lesão suspeita.  

Muitas vezes, o câncer surge como um pequeno ponto que passa desapercebido pela pessoa. Por isso, é importante fazer um exame dermatológico anual, especialmente se há outros casos na família ou se o indivíduo já apresentou lesões cancerígenas anteriormente – neste caso, o acompanhamento é feito em intervalos menores, a cada três ou seis meses.  

O diagnóstico do problema é realizado a partir de um exame clínico da pinta. “Utilizamos um aparelho para aumentar a imagem e, se houver uma suspeita forte, removemos a lesão e encaminhamos para o laboratório para análise”, explica o médico.  

Para todos os tipos de câncer, o tratamento recomendado é cirúrgico – com a remoção da lesão – e considerado curativo na maioria dos casos. No entanto, quando é observada metástase, são necessárias sessões de quimioterapia ou imunoterapia.  

Como se prevenir?  

Como o câncer de pele está muito associado ao sol, a principal forma de prevenir o problema é evitar se expor nos horários em que a radiação ultravioleta – responsável por provocar as mutações no DNA das células da pele – está mais intensa, entre 10h e 16h.  

É importante também sempre fazer uso de filtro solar, especialmente nas áreas do corpo que ficam mais vulneráveis no dia a dia, como rosto, braços, pescoço e pernas.  

O câncer de pele aparece com mais frequência em indivíduos idosos, e isso tem uma razão de ser: geralmente é o momento em que os danos acumulados pela exposição solar de toda uma vida começam a provocar lesões. “Quem tem a pele clara, que fica vermelha facilmente e até faz bolhas, e se queimou de forma intermitente nas férias e passeios da infância e juventude, tem mais risco de apresentar o problema na velhice pois os danos são cumulativos”, alerta o especialista.  

Nesses casos, é recomendado que se faça um exame dermatológico regular – como um check-up – para garantir que qualquer lesão suspeita seja removida e tratada de forma precoce.

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