Os benefícios do exercício físico para os pacientes com câncer

Fisioterapeuta destaca que programação deve ser supervisionada por profissional capacitado

Tania Tonezzer

Os benefícios do exercício físico para os pacientes com câncer
Exercício físico beneficia pacientes
Daniel Reche por Pixabay

Para a segurança e um melhor aproveitamento da prática de exercícios pelos pacientes, sua programação deve ser supervisionada por um profissional capacitado

Sendo cada indivíduo único, com especificidades, aptidões físicas, limitações e respostas aos exercícios de maneiras diferentes, as recomendações das diretrizes e dos consensos internacionais apresentam-se de forma apenas sugestivas aos pacientes, com as devidas cautelas para a sua realização.

Um profissional capacitado, como um fisioterapeuta ou um educador físico especializado em oncologia, é qualificado para avaliar o estado de saúde do paciente, incluindo o estágio da doença, tratamentos em andamento, efeitos colaterais e qualquer limitação física que possa estar presente. 

Essa avaliação permitirá ao profissional adaptar o programa de exercícios de acordo com as necessidades e capacidades individuais, além de monitorar de perto o paciente durante a prática de exercícios, garantindo que a intensidade, a técnica correta e os ajustes necessários sejam realizados para evitar lesões ou agravamento dos sintomas. 

A supervisão também permite que o profissional faça uma avaliação contínua dos progressos do paciente e faça ajustes no programa de exercícios conforme necessário.

Vale lembrar que o programa de exercícios para pacientes oncológicos deve ser multidisciplinar, envolvendo uma equipe de profissionais de saúde, como médicos, oncologistas, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, que possam colaborar e fornecer orientações complementares para garantir o bem-estar geral do paciente.

A ASCO (American Society of Clinical Oncology), por exemplo, destaca os benefícios do exercício para pacientes com câncer, como a melhora na função física, qualidade de vida e possível redução do risco de recorrência do câncer. 

Também a importância de uma abordagem individualizada na prescrição de exercícios, levando em consideração o tipo e estágio do câncer, os tratamentos em andamento, a saúde geral do paciente e quaisquer limitações físicas ou a efeitos colaterais relacionados ao tratamento. 

É muito importante que o paciente com seu/sua médico(a) oncologista e fisioterapeuta encontrem uma rotina de exercícios apropriada ao estadiamento (estágio de tratamento), alinhados aos seus objetivos e a sua aptidão física. 

Uma das recomendações de atividade física é da COSA (Sociedade de Oncologia Clínica da Austrália). Nela, sugere-se que os pacientes, após o tratamento do câncer, devem retornar às suas atividades diárias o mais rápido possível.

Para definição de objetivos, os pacientes devem estabelecer metas de progressão que, uma vez alcançadas, deverão ser mantidas em: 150 minutos de intensidade moderada ou 75 minutos de exercícios aeróbicos de intensidade vigorosa (por exemplo, caminhada, corrida, ciclismo e natação) a cada semana, associados a duas a três sessões de exercícios resistidos progressivos e alongamentos na semana.

Vamos tentar?? 

Os 150 minutos de caminhada podem ser divididos em 22 minutos por dia na semana, ou 30 minutos de caminhada 5 vezes por semana. Outra opção é 75 minutos de caminhada rápida divididos em 15 minutos por dia, 5 dias por semana. 

Hoje as diretrizes internacionais como a OMS têm recomendado aumentar a atividade física aeróbica de moderada intensidade para mais de 300 minutos; ou fazer mais de 150 minutos de atividade física aeróbica de vigorosa intensidade; ou uma combinação equivalente de atividades físicas de moderada e vigorosa intensidade ao longo da semana para benefícios adicionais à saúde. 

Essas diretrizes são apenas recomendações

Não podemos esquecer que todos nós somos diferentes. Para indivíduos com efeitos colaterais relacionados ao tratamento ou outros problemas de saúde em conjunto com o câncer, a programação de exercícios deve ser supervisionada por um profissional capacitado.

Mesmo aqueles pacientes que estão na fase de tratamento crônico da doença, e/ou em cuidados paliativos podem se beneficiar da prática de exercícios físicos adaptados, desde que seja feita uma avaliação cuidadosa da condição física e das necessidades individuais e levando em consideração as especificidades de cada momento e tipo de tratamento. 

Tania Tonezzer

Mestre em Ciências da reabilitação -FMUSP; Fisioterapeuta Especialista em Oncologia e Linfoterapia – (Crefito128763-F); Membro Diretora da Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia- ABFO; Membro da APTA (American Physical Therapy Association) e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer

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