Vida e Saúde
Neste espaço, os profissionais do Instituto Vencer o Câncer trazem informações sobre saúde, bem-estar, qualidade de vida e novidades na prevenção, diagnóstico e tratamento dos diversos tipos de tumores.
Não existe, atualmente, nenhum dado consolidado que ligue diretamente o câncer de pulmão ao tabagismo passivo, ou seja, para indivíduos que convivem com pessoas que fumem.
A despeito disso, as evidências correntes demonstram que, em relação à população geral, os tabagistas passivos têm um risco cerca de 20% a 30% maior de desenvolver tumores pulmonares.
Estima-se que cerca de 8 mil pessoas morram nos Estados Unidos todos os anos de câncer de pulmão sem ter fumado previamente, contudo, com histórico de tabagismo passivo.
O problema vai muito além do câncer de pulmão. O tabagismo de um indivíduo isolado tem múltiplas implicações no contexto de uma família. Este é um tema relevante para discutirmos neste 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo.
O primeiro fator são doenças respiratórias em geral. Além do câncer, também existe o risco de doenças respiratórias associadas, como asma, bronquite e reações alérgicas.
Em segundo lugar, existe o impacto familiar que as doenças relacionadas ao tabaco que aparecem no fumante causam. Várias enfermidades, além do câncer de pulmão, estão relacionadas ao tabagismo, como AVC, infarto, doenças arteriais, enfisema pulmonar. O fumante que fica doente demanda atenção de toda a sua família para que seja dado suporte, acompanhamento médico.
Por fim, existe o impacto financeiro do tabagismo. Um estudo do INCA (Instituto Nacional do Câncer) aponta que fumantes gastam até 10% da sua renda mensal com o cigarro. Há, ainda, o impacto financeiro de cerca de R$ 125 bilhões gastos pelo SUS para tratar doenças cigarro-relacionadas.
Portanto, tabagismo passivo também é um problema grave a ser combatido, pelo impacto no paciente, em sua família e nas pessoas que convivem com o fumante.
Não há como avaliar de forma específica qual é o risco de câncer de pulmão para fumantes passivos, com a estimativa de até 30% de aumento de risco. Esse cálculo, no entanto, pode estar subestimado, e o risco pode ser ainda maior, considerando a dificuldade de analisar este dado.
Parar de fumar faz bem a todos. Ao fumante e a todos que estão a sua volta.
Marcelo Corassa é oncologista clínico e pesquisador, líder da Unidade de Câncer de Pulmão e Neoplasias do Tórax - Oncologia Clínica da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e colaborador do Instituto Vencer o Câncer