São diversas as terapias que vêm revolucionando o tratamento do câncer em todo o mundo. E agora a técnica conhecida como CAR-T Cell já é uma realidade no Brasil. 

A Chimeric Antigen Receptor T-Cell (traduzida para o português como receptor quimérico de antígeno) é uma terapia celular inovadora e avançada usada para tratar a leucemia linfoblástica aguda de células B, linfomas de células B e também o mieloma múltiplo, a partir das células de defesa do próprio paciente. 

Ela funciona da seguinte maneira:

• 1. Como primeiro passo, os cientistas modificam o DNA de um vírus;
• 2. Depois, no hospital, serão retiradas as células de defesa do paciente (também chamadas por células T);
• 3. Já fora do organismo, em laboratório, estas células serão infectadas com os vírus modificados;
• 4. Assim, os materiais genéticos das células de defesa e do vírus irão se “misturar” e formar um novo DNA;
• 5. Com este novo DNA, a célula de defesa produzirá uma estrutura que ajuda na identificação do câncer. Os cientistas, então, irão reproduzir essas novas células em laboratório, para que se tenha um número maior;
• 6. Medicamentos serão aplicados para que o sistema imunológico do paciente seja “anulado”, dando espaço para que as novas células possam atuar;
• 7. As novas células serão injetadas no corpo do paciente;
• 8. Com isso, o sistema imunológico – agora ainda mais inteligente – passa a reconhecer o tumor e a destruí-lo. 
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• Em resumo, são as próprias células T do paciente que serão reprogramadas para combater o câncer.

Combate à LLA de células B

Atualmente, no Brasil, já é comercializado um medicamento para esse tipo de leucemia, chamado tisagenlecleucel. Sua administração acontece em uma única infusão intravenosa e sua indicação é para crianças e adultos com até 25 anos de idade com doença refratária, em recidiva pós-transplante, ou em uma segunda ou posterior recidiva. Ele ainda não está presente no Sistema Único de Saúde (SUS), mas os planos de saúde devem fornecer. 

Combate aos linfomas do tipo B

O tisagenlecleucel também já está sendo comercializado no Brasil para o linfoma difuso de grandes células B em adultos com mais de 18 anos, que estejam em recidiva ou que sejam refratários a pelo menos duas linhas de terapia sistêmica. Como vimos, ele ainda não está no SUS, mas deve ser fornecido pelos planos de saúde. 

Já o Axicabtagene, também aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é recomendado para pacientes adultos com linfoma de grandes células B recidivado ou refratário, após duas ou mais linhas de terapia sistêmica e linfoma folicular.

Combate ao mieloma múltiplo

O ciltacabtageno autoleucel, já aprovado na Anvisa, é indicado para pacientes com mieloma múltiplo que não responderam ao tratamento com as três classes de medicamentos indicados e cuja doença voltou e já não responde mais às terapêuticas disponíveis. Esta droga é feita a partir dos próprios glóbulos brancos do paciente. 

CAR-T Cell também já chegou ao SUS!

Assim como a maioria das novas tecnologias em saúde, a técnica com CAR T-Cell ainda apresenta um custo financeiro alto, chegando ao valor de U$ 475 mil, o que daria mais de R$ 2 milhões.

Mas a boa notícia é que no SUS pesquisas já estão sendo realizadas e com excelentes resultados. Essa semana, por exemplo, vimos a notícia de que esta terapia celular já foi aplicada em 14 pacientes, a partir de uma parceria entre o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, da USP, e 60% dos casos tiveram remissão. 

A ideia é que o tratamento desenvolvido via sistema público de saúde tenha valores financeiros reduzidos e possa ser oferecido em grande escala, para quem tiver a indicação. 

Como médico atuante na área da Onco-Hematologia é sempre muito gratificante saber que novas possibilidade clínicas chegam para nos ajudar a salvar vidas!

Dr. Breno Gusmão 

Médico Onco-Hematologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer