Cinco pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira (3), em uma operação que tenta desarticular uma organização criminosa especializada em furtos de cargas de caminhões.
Os agentes do GAECO e da Polícia Civil saíram para cumprir sete mandados de prisão e 27 de busca e apreensão em endereços ligados a empresários, proprietários de caminhões, motoristas e intermediários nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, a operação cumpriu mandados na capital, em Duque de Caxias, Piraí, Mesquita e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Dos sete que tiveram a prisão preventiva decreta, estão quatro empresários, que agiam como intermediários e receptadores, e três proprietários de caminhões, que utilizavam os veículos para pegar as cargas. Eles também eram responsáveis pelo recrutamento de motoristas para o esquema e pelo contato com os intermediários.
Entre os presos da Operação Resina, está Edson dos Santos Filho, ex-policial e pai do vereador Willian Carvalho dos Santos, do partido Democracia Cristã. Os dois são investigados como integrantes da quadrilha.
Edson dos Santos foi preso em flagrante por estar com uma arma sem registro e Willian foi alvo de buscas na própria casa e na Câmara de Vereadores. Os agentes chegaram na Câmara ainda de madrugada para cumprir os mandados.
“Hoje, no gabinete, nós tivemos a apreensão do computador do vereador, que vai ser submetido também à perícia, justamente por esse envolvimento. Inclusive na prisão do seu próprio pai, nós verificamos que no seu passado de vida pregressa já havia também a questão de tráfico de armas. Ou seja, denotando uma efetiva participação desse tipo de crime”, disse a delegada Juliana Emerique.
Segundo as investigações, os criminosos levavam a carga roubada do Rio de Janeiro para São Paulo. Lá, os empresários conseguiam receptar e encaminhar para o mercado com aparência lícita. Ao todo, 21 pessoas foram denunciadas. Policiais civis de São Paulo que auxiliavam o grupo, foram afastados dos cargos.
“A investigação focou no desvio de cargas de resina, ferro, alumínio e aço. Os policiais civis de São Paulo eram responsáveis por dar aparência de legalidade na empreitada criminosa. As cargas eram desviadas e depois era feito um falso registro de ocorrência de roubo. Os policiais tinham total consciência disso”, comentou o procurador do GAECO, Rogério Sá.
Mais de R$ 1 milhão em materiais, principalmente de aço, foram roubados. A Justiça decretou o bloqueio dos bens dos acusados. Carros de luxo, R$ 15 mil em espécie, documentos, eletrônicos e três caminhões foram apreendidos. Todo o material vai ser periciado para o aprofundamento das investigações.
Os investigadores descobriram que integrantes da organização criminosa citaram em escutas telefônicas o vereador Willian Coelho e o pai dele como possíveis interlocutores em um novo desvio de carga. Dessa vez, dos trilhos do metrô do Rio que seriam levados para São Paulo. A polícia também quer saber se o parlamentar usava o cargo de vereador e então secretário para influenciar no crime.
“O trilho de trem. É só que assim é 111, lote bom para *. Grande, não é? É do metrô aqui do Rio. Trilho de trem do metrô aqui do Rio de Janeiro. Aí, enfim, político aqui vai dar pra gente tirar. Se tiver um encaixe certo e a pessoa certa a gente consegue tirar. Com nota, tudo direitinho”, disse um integrante da quadrilha que ainda não foi identificado.
“Qual é o trilho e se tiver esquema cara vamos abraçar tudo isso aí sim. Está show de bola. Vou pegar mais informação. Pode ficar tranquilo que assim parece estar em direção que vai tirar quem ele quiser, entendeu? Quem ele quiser que vai tirar o material. Tem que ter uma empresa, né? Pra cadastrar. E retirar o material daquela empresa, mas a empresa que vai retirar a empresa que ele quiser”, respondeu o segundo integrante, que também não foi identificado.
“Nós identificamos que estava em andamento uma tratativa para um empresário de São Paulo receptar trilhos do metrô do Rio de Janeiro. A partir de então, a gente identificou um possível envolvimento do Willian e do seu pai. E, por isso, eles foram objetos de busca e apreensão”, explicou o delegado João Valentim.
*Sob supervisão de Natashi Franco