Um universitário de 24 anos morreu durante um tiroteio entre milicianos no centro de Seropédica, na Baixada Fluminense, nesta segunda-feira (8). O confronto também deixou duas crianças, de um e seis anos de idade, feridas. Elas estavam com a mãe em um mercado.
Bernardo V. Paraíso, estudante de ciências biológicas da UFRRJ, foi atingido por uma bala perdida e morreu antes da chegada do socorro.
O menino e a menina baleados foram socorridos para o Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias. O bebê de um ano foi atingido no joelho esquerdo, passou por exames de imagens e não foram constatadas fraturas. A irmã dele ficou com uma bala alojada na região cervical e foi atingida por um tiro que entrou pelo ombro esquerdo e parou no tórax. Ela está sendo avaliada pela neurocirugia.
A mãe das crianças, Rosiane Claudino de Freitas, 34 anos, teve um hematoma na coxa esquerda durante a queda no tiroteio, mas sem gravidade, e acompanha a recuperação dos filhos.
Homens armados com fuzis e fardamento militar começaram a trocar tiros por volta das 15h. O cenário de guerra aterrorizou todos que passavam pelo local, que estava bastante movimentado. O pânico tomou conta até do comércio.
Em lojas próximas, clientes e funcionários se arrastaram pelo chão em busca de proteção. Vários estabelecimentos fecharam as portas mesmo após a PM reforçar o policiamento. A UFRRJ suspendeu as aulas no turno da noite. Nas redes sociais, a instituição prestou condolências e fez uma homenagem ao aluno falecido.
A Polícia Militar prendeu dois criminosos no local. Um deles foi encontrado enquanto tentava se esconder em uma farmácia, com uma pistola, e o outro foi encontrado já baleado, com um fuzil e uma pistola. A PM ainda apreendeu uma granada, encontrada ao lado do universitário morto.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense investiga o caso. Informações de inteligência das Forças de Segurança do Estado apontam que a disputa pelo controle do município acontece entre várias milícias.
O conflito começou após a morte de Ricardo Coelho, vulgo “Cientista”, em março. Dois grupos, comandados pelos criminosos conhecidos como “Chica” e “Varão”, não entraram em acordo e passaram a dividir o controle da cidade.
Uma outra milícia ligada ao Bonde do Zinho aproveitou o “racha” entre as quadrilhas e também entrou na disputa, intensificando o clima de insegurança na região.
*Sob supervisão de Christiano Pinho.