Um relatório global divulgado pela UNICEF hoje (20) alerta para uma baixa imunização infantil no estado fluminense. Entre 2019 e 2021, 175 mil crianças não receberam nenhuma dose da vacina DTP no Rio. Além de prevenir contra difteria, tétano e coqueluche, a vacina também imuniza contra a Influenza B e a Hepatite B.
No mesmo período, 156 mil crianças não se vacinaram contra a paralisia infantil. O representante da UNICEF no Brasil, Youssouf Abdel-Jelil, explica que a interrupção de serviços na pandemia influenciou diretamente na queda da imunização.
“As crianças nascidas pouco antes ou durante a pandemia agora estão ultrapassando a idade em que normalmente seriam vacinadas, ressaltando a necessidade de uma ação urgente para alcançar aquelas que perderam as vacinas e prevenir surtos e a volta de doenças já erradicadas no Brasil, como a pólio”, disse.
Antes da pandemia, 99,1% dos brasileiros confiavam nas vacinas infantis, mas o pós-Covid-19 mostra apenas 88,8%, uma queda de 10%, apontam os dados da UNICEF.
“Temos o grande desafio de retomar as altas coberturas vacinais em todo o Brasil após o retrocesso que vivemos nos últimos anos (...). Já tivemos 95% de cobertura em relação a vacinas como a da poliomielite, e agora não chegamos a 60% de crianças vacinadas. Esse quadro tem que mudar”, lamenta a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade.
Para uma criança ser considerada imunizada, ela precisa tomar todas as doses recomendadas de cada vacina, e as doses de reforço indicadas. A vacina DTP é uma vacina tríplice bacteriana, que funciona com três doses.
Ainda segundo o relatório, o mundo vive o maior retrocesso contínuo na imunização infantil em 30 anos. Ao todo, 48 milhões de crianças não receberam a dose da vacina DTP, também entre 2019 e 2021. No Brasil, foram 1,6 milhões.
As coberturas vacinais diminuíram em 112 países, indicando uma queda maior nos domicílios mais pobres: uma em cada cinco crianças nessas regiões não foi imunizada, enquanto nos domicílios mais ricos o número sobe para uma em cada 20, de acordo com a UNICEF.
UNICEF BRASIL CONTA COM ESTRATÉGIA DE BUSCA POR CRIANÇAS NÃO VACINADAS
No Brasil, a UNICEF conta com a estratégia de Busca Ativa Vacinal (BAV), desenvolvida para facilitar a busca por crianças que não foram vacinadas ou que estão com atraso vacinal, tomando as medidas necessárias para que elas atualizem sua carteira de vacinação.
Uma ferramenta tecnológica ajuda no trabalho, com capacitações para profissionais de saúde, educação e assistência social. A estratégia é uma parceria com a Pfizer e com o apoio da Fundação José Luiz Egydio Setúbal.
Acesse o relatório completo (disponível apenas em inglês): https://www.unicef.org/media/108161/file/SOWC-2023-full-report-English.pdf.
*Sob supervisão de Danillo Carneiro