Um ano da tragédia em Petrópolis: como estão os moradores e a cidade?

A parte histórica da cidade foi recuperada. Mas a realidade nos bairros mais afastados é de destruição.

Ana Clara Prevedello e Júlia Zanon

Deslizamento de terra em Petrópolis, no Rio de Janeiro
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

No dia 15 de fevereiro de 2022, Petrópolis entrou em estado de calamidade pública. Famílias inteiras se perderam, casas foram destruídas e ruas, alagadas. O número de mortos chegou a 233. Um ano depois de uma das maiores tragédias da cidade, pouco foi feito para melhorar.

Nesta quarta-feira (15), a cidade foi marcada por protestos em frente à Câmara de Vereadores para lembrar do temporal que destruiu a cidade. Os moradores cobram soluções para problemas muito antigos, que começaram a ser relatados na Era Imperial, nos diários de Dom Pedro II.

Manoel do Couto Fernandes, professor do Laboratório de Cartografia da UFRJ, explicou que algumas características geográficas e geológicas da cidade aumentam o risco de inundações e deslizamentos, o que foi acentuado com a ocupação urbana desordenada.

“O município de Petrópolis tem uma paisagem física muito peculiar, com encostas muito íngremes e solos pouco espessos. As condições geológicas têm tipos litológicos muito fraturados. Você encontra uma série de nascentes. Esses elementos, em conjunto, favorecem a ocorrência de deslizamento nas encostas”, explicou o professor.

A parte histórica da cidade foi recuperada. Mas a realidade para os bairros mais afastados do centro turístico é diferente: o cenário ainda é de destruição. A região de Frei Leão, por exemplo, não recebeu intervenção do poder público. Por lá, pedras e pedaços de terra ainda estão deslocados, o que atrapalha os moradores.

“Nós somos o epicentro da tragédia, 93 mortes e 54 casas totalmente destruídas e devastadas. Não culpo ninguém pela tragédia. Culpo pelo abandono, pelo descaso. A gente foi esquecido”, contou Cristiane Gross, líder comunitária que morava no local.

Aumentar o escoamento do rio Palatinos e do túnel Extravasor é uma das necessidades. Só o rio é responsável por 70% do escoamento das águas de Petrópolis. A obra está estimada em R$ 70 milhões, e a estrutura é uma espécie de válvula de escoamento de água da cidade.

A prefeitura afirma que 48 obras foram concluídas na cidade, e que outras 40 estão em processo de licitação. O Governo do Estado do Rio diz ter investido R$ 700 milhões em Petrópolis, mas o resultado das chuvas de ontem (14) mostra que muitos problemas ainda precisam ser resolvidos.

*Sob supervisão de Natashi Franco 

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