Três meses após morte de Ecko, tiroteios diminuem em áreas dominadas pela milícia

Enquanto isso, o mesmo período também registrou aumento nos casos de desaparecidos

Rafaella Balieiro (sob supervisão de Natashi Franco)

A milícia já domina mais regiões que facções criminosas no Rio
Reprodução

Em pouco mais de três meses após a morte do miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, áreas dominadas pelo grupo criminoso que era gerenciado por ele registraram menos casos de tiroteio, principalmente na Zona Oeste e Norte do Rio, é o que mostram dados do Instituto Fogo Cruzado. Mas, o número não corresponde necessariamente à redução da violência na região, já que o mesmo período também registrou um aumento no número de pessoas desaparecidas.

De acordo com o Disque-denúncia, a milícia atuante hoje no Rio de Janeiro já marca presença em mais territórios do que as facções relacionadas ao tráfico de drogas na cidade. Desde dezembro do ano passado, com a ruptura entre chefes de milícia, Ecko e Tandera, houve um aumento pela disputa de influência em vários territórios cariocas, a morte de Wellington Braga, em junho desse ano, acabou reforçando essa situação.

"A gente sabe que não tem área solta, sem domínio, não é porque um miliciano morreu que acabou o problema da violência. Sempre vem uma facção ou milícia para disputar o território de quem se foi. É justamente por isso que o processo é cíclico, em 2018, a Praça Seca explodiu em número de tiroteios, depois de um longo período de estabilidade", comentou Cecília Oliveira, diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado.  

De acordo com o próprio Instituto, para entender o panorama da violência na capital fluminense, é preciso analisar dados em conjunto. O crescimento no número de desparecidos surge ao mesmo tempo em que há menos casos de homicídios e aumento no número de cemitérios clandestinos na cidade. Só em 2020, o negócio ilegal cresceu cerca de 37%, segundo dados de Empresas funerárias do Estado.

"É tudo muito instável com a troca de comando das milícias, e isso que gera medo nos moradores, eles nunca sabem o que vai acontecer amanhã. Com a liderança nova, eles acabam tendo novas situações a serem obedecidas, novas taxas. Essa situação de insegurança e de medo continua mesmo com a cessão temporária no número de tiroteios", finaliza Cecília Oliveira.

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