Orla da praia ou um canteiro de obras? Quem passa entre os postos 3 e 8 da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, vê várias obras. Prestes a começar o verão, elas só devem estar prontas em maio do ano que vem. Meses atrás, a Prefeitura do Rio prometeu entregar todas as obras da orla no início da estação.
Na areia da praia, uma retroescavadeira auxilia no processo de instalação de colchões de concreto. Já na calçada, os pedestres precisam a todo momento desviar pela ciclovia para conseguir passar.
As obras fazem parte de um plano de revitalização da orla, que tem sofrido com as fortes ressacas nos últimos anos. Segundo a Prefeitura, além dos colchões de concreto, são feitos no local: o preenchimento de mantas geotêxteis, que irão trazer estabilização ao local, implantação de biomanta com vegetação de restinga e a reestruturação de passeios e pavimentos danificados. Ao todo, o investimento é de R$ 10,6 milhões.
"Nos últimos 10 anos a gente tem sentido que as mudanças climáticas e principalmente as mudanças oceanográficas. Foi uma coisa bastante acentuada, bastante grave, tanto é que ao longo do litoral do município do Rio, nós tivemos várias localidades com problemas de destruição dos calçadões, erosão de praia e até interdição das praias. As areias estão diminuindo cada vez mais e isso não pode acontecer, pois elas servem como uma estrutura de proteção", disse David Zee, oceanógrafo e professor da UERJ.
Um dos trechos mais críticos é entre o posto 7 e 8, já que praticamente não existia calçadão. Por isso, esse é um dos primeiros pontos que começou a ser reformado. Muito frequentada por turistas e cariocas, a praia da Barra sofre com o aumento da maré, causando danos à urbanização e ao paisagismo da orla.
"Não é uma receita de bolo já experimentada, definida. Mas é uma receita de bolo que nós estamos escrevendo, estamos escrevendo as soluções para o futuro das praias do Rio de Janeiro. Há uma necessidade de medidas paliativas para conter o avanço do mar", complementou David Zee.
*Sob supervisão de Natashi Franco