Seis transplantados testam como HIV positivo após receberem órgãos contaminados

É o primeiro registro de um caso do tipo no Brasil. Os doadores de órgãos eram soro positivos, mas o teste realizado após a morte deles deu negativo.

Clara Kury

Seis transplantados testam como HIV positivo após receberem órgãos contaminados
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Seis pessoas que receberam transplante de órgãos testaram positivo para HIV depois de receberem órgãos transplantados no Estado do Rio. Dois doadores eram soro positivo, mas o exame feito pelo laboratório, na época da morte, deu negativo.

O procedimento para transplantes no Brasil começa no momento em que é atestado morte encefálica. Em seguida, o hospital faz contato com a família e depois uma análise clínica e biológica do doador para atestar se os órgãos estão aptos para doação

Foi nesse procedimento que houve uma falha. O exame feito para constatar se o órgão está contaminado com alguma doença deu negativo para todas e, com isso, a doação seguiu em frente.

Um dos pacientes na lista de transplantes recebeu um coração e nove meses depois começou a se sentir mal. Após procurar uma unidade de saúde e fazer inúmeros exames ele foi testado com o HIV positivo.

Nesta manhã, uma ouvinte da BandNewsFM relatou que o sogro fez um transplante de fígado e pouco tempo depois recebeu uma ligação do hospital que relatava que o doador era HIV positivo.

Depois de alguns exames o receptor do órgão recebeu o diagnóstico do vírus.

Depois da primeira notificação, a Secretaria Estadual de Saúde começou a contatar as pessoas que receberam os órgãos. Entre os transplantes feitos estão os de rins, fígado e coração.

O laboratório foi interditado após uma fiscalização das Anvisa. Inúmeras irregularidades foram encontradas, dentre elas a falta de kit para exames.

O PCS laboratórios tem contratos com a Secretaria Estadual de Saúde desde 2021 e para conseguir prestar serviço ao Governo do Estado, a PCS Laboratórios reuniu atestados de capacidade técnica de conhecidas empresas da área de saúde. A empresa também mantinha contato com a Unimed e a Prefeitura de Nova Iguaçu.

O secretário de estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, determinou a instauração de inquérito para apurar o ocorrido e garante que a investigação está em andamento.

A secretária de saúde do Estado do Rio de Janeiro, Cláudia Mello falou em entrevista para a BandNewsFM sobre o caso.

A interdição pela Anvisa já foi lavrada e publicada em diário oficial, e a gente tem também um outro contato por e-mail para poder as famílias ou as pessoas que tenham dúvidas com relação a isso, que é notifica@saude.rj.gov.br
A gente não interrompeu em momento algum os transplantes de órgãos. No mesmo dia, 13 de setembro, houve uma mudança para a realização no Hemorio (dos testes). Nunca parou porque a gente tem certeza de que o nosso sistema de transplante no Brasil é um sistema seguro, é um sistema que merece confiança. Toda a população pode ter certeza de que foi um caso sem precedentes, foi um caso que não se repetirá e é um caso que a gente vai pautar até a última ação necessária para corrigir caso haja alguma informação diferente nessa sindicância. A gente já salvou mais de 16 mil vidas só nesse período. Então a gente quer afirmar, não parou o sistema de transplante, não parou no Rio de Janeiro e a gente quer fortalecer que as famílias entendam que a doação é precisa para salvar vidas.

Disse a secretária.

Outros 288 doadores estão sendo testados pelo Hemorio para saber se há mais casos registrados.

Então todos esses outros casos estão sendo testados novamente e os centros transplantadores do País já tiveram uma reunião com a Central Nacional de Transplantes em relação a esse assunto e não há nenhum outro indício de outra notificação de casos de pessoas adoecidas, até o momento. Mas esses casos de doadores, todos estão sendo testados pelo Hemorio

O MPRJ ressalta que está à disposição para ouvir as famílias afetadas, receber denúncias de quem se sentir lesado e prestar atendimento individualizado às partes envolvidas.

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