Rio tem antigos bunkers escondidos em prédios do governo e residenciais

Abrigos antibombas foram construídos por Getúlio Vargas na época da Segunda Guerra Mundial; presidente tinha medo de possíveis ataques.

Fernando David e Ana Clara Prevedello*

Os conflitos entre Hamas e Israel têm ocupado noticiários em todo o mundo. Já são mais de 2,5 mil mortos e os números seguem aumentando. Essas mortes poderiam ser ainda maiores para Israel, mas o país conta com uma enorme quantidade de bunkers

Uma lei de 1951 determinou que todas as construções israelenses, sejam públicas ou privadas, deveriam possuir abrigos antibombas para proteger a população e oferecer refúgio em casos de guerra. Hoje, os abrigos israelenses não são necessariamente subterrâneos, podem ser apenas uma estrutura fortificada para a proteção contra bombas e ataques.

O que poucos sabem é que a cidade do Rio de Janeiro também esconde em suas paisagens uma série de abrigos antiaéreos, criados pelo então presidente Getúlio Vargas durante a Segunda Guerra Mundial. Com medo de possíveis ataques no Brasil, Getúlio construiu os abrigos conhecidos como bunkers, para proteger a população e oferecer um lugar seguro no caso de conflitos.

Segundo o historiador da UFF Raphael Kapa, Getúlio tentou evitar envolvimento na guerra até o último momento, mas, após sofrer ataques do Eixo, grupo composto por Japão, Itália e Alemanha, precisou tomar uma atitude. 

“Getúlio se alinhou aos Estados Unidos e, consequentemente, aos Aliados. Em um contexto no qual ele sabia que entraria na guerra, a criação de bunkers foi uma estratégia de prevenção do governo, no caso da guerra chegar a esse lado do Atlântico”, explica Raphael.

Outras medidas foram pensadas pelo presidente. Uma delas foi o blackout, momento no qual todas as luzes do Rio eram apagadas para ‘confundir’ um ataque. Mas essas ações, como a construção de bunkers e os blackouts – chamados de Defesas Passivas, tinham apenas o objetivo de trazer uma sensação de segurança para as pessoas, já que a possibilidade de invasão no Brasil era praticamente nula. 

Os abrigos antiaéreos foram construídos pelo presidente no subterrâneo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no Copacabana Palace, e em outros prédios residenciais de Copacabana e do Flamengo. Mas, com o fim da guerra, esses locais acabaram virando em depósitos e garagens. 

Um dos prédios que conta com um antigo bunker – que hoje serve como estacionamento – é o Edifício Menescal, em Copacabana. O abrigo foi construído em 1942 e, na época, era considerado pelo Serviço de Defesa Civil como o maior do Rio de Janeiro. 

Hoje, os moradores já se acostumaram com a ideia do bunker no edifício. Apesar de saberem de sua existência, para eles se trata apenas de uma garagem normal, se não fosse a história e importância do prédio. 

"Que com certeza continue sem ser utilizado, que continue como estacionamento", diz a lojista de ascendência judaica Rosa Suzette, que trabalha em uma galeria onde há um antigo bunker.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.

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