Rio tem 35 ônibus e um trem incendiados na Zona Oeste após morte de miliciano

Governo do Estado classificou ações como terroristas.

Agatha Meirelles, Clara Nery, Christiano Pinho, Pedro Dobal, Fernanda Caldas, Adison Ramos e Bruna Carvalho

Passageiros fogem de ônibus incendiado durante ataque criminoso.
Reprodução / Vídeo

Moradores da Zona Oeste do Rio enfrentaram dificuldades na volta para casa após criminosos incendiarem 35 ônibus na região, nesta segunda-feira (23).

 Os bandidos também atearam fogo na cabine de um trem do ramal Santa Cruz, próximo à Estação Tancredo Neves, em Paciência. Doze pessoas foram presas e enquadradas por “ações terroristas”, segundo o Governo do Estado.


As ações aconteceram como protesto pela morte do sobrinho do chefe da maior milícia que atua na Zona Oeste. Matheus da Silva Rezende, o Faustão.

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De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, a cidade chegou a registrar congestionamento 71% maior do que nas semanas anteriores.


A circulação dos ônibus na região foi suspensa por segurança. O corredor Transoeste do BRT também teve a operação interrompida. Seis estações da SuperVia foram fechadas e o ramal Santa Cruz circulou apenas entre a Central do Brasil e Campo Grande. Alguns passageiros tiveram que voltar do trabalho a pé.

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Na Estrada dos Bandeirantes, um ônibus chegou a ser incendiado com passageiros dentro do veículo, mas ninguém ficou ferido. 


O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que a prefeitura trabalha para que os transportes públicos funcionem normalmente nesta terça-feira (24). As equipes conseguiram liberar a pista do corredor Transoeste ainda durante a noite.

Segundo a Mobi-Rio, responsável pelo BRT, colocaram fogo na estação Santa Veridiana e tentaram incendiar outras três do corredor Transoeste.


A cidade chegou a entrar em estágio de atenção, o terceiro nível em uma escala de cinco, mas retornou para estágio de mobilização pouco depois das 23h.

ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES FORAM AFETADOS


Em meio aos ataques que levaram terror à Zona Oeste do Rio, cerca de 50 crianças que estavam em um passeio de uma escola particular ficaram presas em um parque ambiental em Guaratiba, na mesma região.


Os alunos só retornaram para o Colégio Garriga de Menezes, em Jacarepaguá, durante a noite, quando foram escoltados pela Polícia Militar. Crianças do maternal também estavam no passeio educativo que começou no início da tarde.


Segundo familiares, alguns pais chegaram a levar, de moto, mantas e alimentos para os alunos.


Já o ônibus que transportava alunos do Colégio Francisco de Assis precisou parar em um posto da Polícia Rodoviária Federal na volta de um passeio em um sítio de Itaguaí. O motorista estava com medo de seguir viagem devido aos ataques. O veículo foi escoltado por agentes da PRF até a escola, em Realengo, também na Zona Oeste.

Outro ônibus com alunos do Colégio Bahiense, na Freguesia, retornou de um passeio escolar escoltado pela PM.


Mais de 17 mil alunos de 45 escolas municipais da Zona Oeste foram afetados durante os ataques criminosos. Em algumas unidades, os alunos e professores tiveram que aguardar para deixar as escolas, por segurança.


A UNIRIO cancelou as aulas nesta terça-feira (24) devido aos ataques. Já a UFRJ disse que as aulas serão mantidas, mas que os alunos e servidores que moram na Zona Oeste terão as faltas abonadas.


Onze clínicas da família e oito centros municipais de saúde da Zona Oeste também interromperam o funcionamento na tarde desta segunda-feira (23).

APOIO FEDERAL

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmOU que vai ampliar o número de agentes federais que atuam no Rio de Janeiro.


Cerca de 300 agentes da Força Nacional reforçam o policiamento no estado, mas a atuação deles está restrita a rodovias federais, portos e aeroportos. Em uma rede social, o ministro disse que reuniões estão previstas para esta terça-feira (24) e novas decisões serão anunciadas nos próximos dias.


Segundo o governador Cláudio Castro, as 12 pessoas presas suspeitas de atearem fogo nos coletivos devem ser transferidas para penitenciárias federais. O político classificou os ataques como atos terroristas e afirmou que a decisão foi tomada após diálogo com o Ministério da Justiça.

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Na ação que terminou com a morte de Faustão, um criminoso também foi preso. Os agentes ainda apreenderam dois fuzis, uma pistola, dezenas de carregadores, munição, rádios transmissores, coletes e celulares.

Um menino de dez anos foi ferido por um tiro de raspão, mas já recebeu alta.


De acordo com Cláudio Castro, Matheus era o segundo na hierarquia do grupo criminoso e estava sendo preparado para assumir a chefia da facção. Ele era apontado como um dos responsáveis diretos pelas disputas territoriais na região e também atuava na união entre tráfico e milícia.

O Governo do Estado afirma que as ações das polícias Civil e Militar terão como foco a prisão de chefes das facções que atuam no Rio. Além do miliciano Zinho, estão na lista o miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera, e o traficante Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha.

“A ordem é continuar apertando o cerco até prendermos os criminosos  responsáveis por esses ataques terroristas e garantir o direito de ir e vir dos cidadãos. Não daremos um passo sequer para trás. Já prendemos 12 suspeitos durante os ataques. Estou acompanhando todos os desdobramentos pessoalmente”, afirmou o governador.


Nesta terça-feira (24), o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli; o Secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar; e o Comandante da Força Nacional, coronel Alencar, vão se reunir mas superintendências da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no Rio.

A cúpula das Forças de Segurança se reuniu com o governador no Centro Integrado de Comando e Controle no fim da noite desta segunda.

Cláudio Castro acionou plano de contingência com lideranças das polícias, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil

“Continuamos unidos para manter a ordem e a segurança da população em todo o território fluminense, especialmente na capital, neste momento. Não vamos deixar que milicianos, traficantes, ou quaisquer outros tipos de criminosos afrontem a população e o Estado do Rio de Janeiro”, destacou.

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