Quase metade das operações policiais descumpre restrições do STF, aponta estudo

Estudo da UFF mostra que mais de 13.500 pessoas morreram em ações policiais nos últimos 15 anos no estado do Rio

Thales Teixeira (Sob supervisão)

Nesta quinta-feira (25) o STF decide se mantém ou não decisão de operações em casos excepcionais
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma pesquisa feita pelo Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), entre os meses de julho e novembro de 2020, mostrou que cerca de 46% das operações policiais em comunidades do Rio desrespeitaram as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante a pandemia.

“Durante o período analisado, 268 operações foram comunicadas ao Ministério Público, embora haja registro de 494 ocorrências de operações policiais na nossa base, ou seja, a gente percebeu uma subnotificação de 45,7%. Quase metade das operações policiais realizadas na região metropolitana do Rio de Janeiro, não é comunicada ao MP, conforme a determinação do Supremo Tribunal Federal”, informou a Coordenadora do GENI/UFF, Carolina Grillo.

O ministro do STF Edson Fachin determinou, no ano passado, que as ações policiais acontecessem apenas em caráter excepcional, e que fossem justificadas. Além disso, outra determinação, que por muitas vezes não foi cumprida, foi a notificação ao Ministério Público sobre a operação com até 24 horas de antecedência.

O estudo da UFF também mostrou que a Polícia Civil não notificou o Ministério Público em cerca de 91% das operações feitas e que a Polícia Militar descumpriu a determinação em aproximadamente 21% das ações policiais.

“A não notificação ao MP contribui para maior letalidade das operações policiais, ou seja, a Polícia Civil, que tem uma subnotificação de 91,1%, tem uma média de 2 mortes por operação, o que é muito alto. Já a Polícia Militar, com uma porcentagem de subnotificação de 21,1%, registrou 4 mortes para cada 10 operações”, justificou a coordenadora do GENI.

Segundo a pesquisa do GENI/UFF, mais de 13.500 pessoas morreram nas ações policiais nos últimos 15 anos. No mesmo período, quase 1 em cada 5 mortes que aconteceram no Rio de Janeiro, foi resultado de ações policiais.

No último final de semana, uma operação do BOPE deixou 9 mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Em maio deste ano, aconteceu a ação mais letal da história do Rio, quando 28 pessoas morreram no Jacarezinho, na Zona Norte, após uma ação da Polícia Civil.

O STF irá decidir nesta quinta-feira (25), se a determinação da realização de operações policiais apenas em situações excepcionais permanece ou não em vigor.

As polícias Militar e Civil afirmaram, através de nota, que as ações policiais cumprem rigorosamente a decisão do STF.

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