Quase 3 milhões de pessoas não têm o que comer no Rio

15,9% da população fluminense passa fome, revela estudo

Felipe de Moura*

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Pessoas de baixa renda são as que mais passam fome no Rio.
Marcello Casal/Agência Brasil

Cerca de três milhões de pessoas passam fome no estado do Rio de Janeiro, de acordo com a pesquisa do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN). Precisamente, 2,7 milhões de pessoas não têm o que comer no estado, o que representa 15,9% da população.

O Rio é o estado que lidera negativamente o percentual de pessoas passando fome no sudeste. A pesquisa, feita no país todo, coletou os dados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal.

De acordo com o levantamento, fica “evidente que as famílias com renda inferior a meio salário-mínimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave”. No Rio, 61% das pessoas que estão nesse contexto passam por insegurança alimentar moderada ou grave.

“Apesar da ampla cobertura do Auxílio Brasil, uma parcela significativa da população com renda de até meio salário-mínimo não foi contemplada pelo benefício. É uma parte da população que já sofre com a insegurança alimentar. A atual política pública deixa de fora famílias que estariam socialmente elegíveis ao recebimento de uma renda, e que estão em alta vulnerabilidade alimentar”, disse Rosana Salles, professora do Instituto de Nutrição da UFRJ e pesquisadora da Rede Penssan.

Entenda os critérios de divisão da pesquisa:

Segurança alimentar: A família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas, como moradia.

Insegurança alimentar leve: Há preocupação ou incerteza se será possível ter acesso a alimentos no futuro. A família acaba contando com uma qualidade inadequada de alimentação para ter quantidade suficiente de comida para todos. Ou seja, troca qualidade por quantidade.

Insegurança alimentar moderada: Em razão da falta de alimentos para fornecer a todos, as famílias reduzem a quantidade de comida ou há uma ruptura no padrão de alimentação, ou seja, na quantidade de refeições por dia, na qualidade do que vai para a mesa.

Insegurança alimentar grave: A família passa fome (sente fome por falta de dinheiro para comprar alimentos, faz apenas uma refeição ao dia ou fica sem comer um dia inteiro).

Para o gerente de campanha da ONG Ação Cidadania, Norton Tavares, só há uma solução para tirar o Rio e o país dessa situação:

“O que mata a fome de verdade no país é política pública. O principal, mesmo, que pode tirar o país do mapa da fome, é a política pública. É nessa tecla que a gente sempre está batendo. Não é distribuindo cesta básica que a gente vai resolver os problemas. Espero que a gente consiga sair dessa situação o mais breve possível”, disse Norton.

*Sob supervisão de Natashi Franco

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