Ailton Barros, candidato do PL a deputado estadual em 2022, disse, em depoimento, que um ex-deputado estadual do Rio de Janeiro foi o mandante da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 2018. O repórter Marcus Sadok apurou o caso, mas o nome do responsável não foi divulgado para a equipe da Band Rio. O ex-capitão do Exército foi ouvido pela Força Tarefa responsável pela investigação do caso, na noite da última quarta-feira (3), depois de ser preso na Operação Venire da PF, acusado de participar de um esquema de fraude em carteiras de vacinação contra Covid-19.
Uma conversa, obtida após quebra de sigilo, entre o integrante do PL e o braço direito e assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou que Ailton já sabia a resposta anteriormente, mas nunca havia ido a público revelar o nome do responsável.
Marcelo Siciliano, citado no áudio, também foi alvo de busca e apreensão nesta quarta-feira (3). Ele teria sido procurado por Mauro Cid, que buscava uma cartão falso de vacinação para a esposa.
O Ministério Público teve acesso ao áudio depois de cumprir um mandado de busca e apreensão contra Ailton Barros para apurar um esquema de falsificação de dados de vacinação contra Coronavírus, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na conversa com Mauro Cid, o ex-candidato não diz quem seria o suposto responsável pelo crime. Essa informação foi dada apenas no depoimento à polícia - que não foi divulgado.
QUEM É AILTON BARROS
O ex-candidato do PL tentou se eleger em 2022 como "01 do Bolsonaro". Ailton Barros chegou a receber 7 mil votos no Rio de Janeiro, mas não foi eleito.
Em 2006, ele tentou se eleger à Câmara dos Deputados, mas renunciou à candidatura depois de ser exposto em um esquema entre o Exército e o Comando Vermelho para recuperar armas em uma favela do Rio de Janeiro. Depois disso, ele foi expulso do Exército.
FRAUDE DE VACINAÇÃO
Nesta quarta-feira (3), a Polícia Federal deflagrou uma operação contra auxiliares e amigos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro para investigar um esquema de fraude no sistema do Ministério de Saúde, em que eles falsificariam dados de vacinação contra a Covid-19. De acordo com as investigações, Bolsonaro seria uma das pessoas que havia forjado a carteira de imunização e viajado para os Estados Unidos um dia antes de passar o cargo a Lula.
A defesa de Jair Bolsonaro reafirma que o ex-presidente não foi imunizado contra a Covid-19 - como sempre declarou, e que ele não tinha motivos para promover ou determinar a emissão de documentos falsos sobre a vacinação.
Ao todo, a Polícia Federal cumpriu seis mandados de prisão e outros 16 de busca e apreensão. Foram presos: o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro; o sargento Luis Marcos dos Reis, ajudante de Mauro Cid; o ex-capitão do Exército Ailton Barros; os ex-seguranças de Bolsonaro Max Guilherme e Sérgio Cordeiro e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, João Carlos de Sousa Brecha.
CASO MARIELLE FRANCO
A vereadora do Rio, Marielle Franco, foi morta com cinco tiros na cabeça em março de 2018. Além dela, Anderson Gomes, o motorista que estava com ela, também morreu com três tiros nas costas. Ao todo, 13 disparos atingiram o carro em que estavam.
O caso completou cinco anos e segue em andamento, mas continua lento. Desde o início das investigações, apenas duas pessoas foram presas, de forma preventiva: Ronnie Lessa - que foi expulso da Polícia Militar - e Élcio Queiroz, policial militar reformado. O segundo dirigia o veículo que seguia o carro da vereadora para que o primeiro pudesse atirar.
Anteriormente, já havia surgido uma pista alegando que o então vereador do Rio, Marcelo Siciliano, tivesse sido o mandante do crime. Mas a polícia descobriu que a pista, que haviam seguido por quase um ano, era falsa.
A morte de Marielle Franco é uma das maiores investigações do Brasil.
"A investigação em relação ao caso da Marielle representa um dos maiores absurdos que nós já vimos", afirmou Marcelo Freixo em março deste ano.
*Sob supervisão de Helena Vieira