A Prefeitura do Rio interrompeu, na noite desta segunda-feira (10), um evento irregular de pipas na altura dos postos 11 e 12, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Foram apreendidos 386 pipas e 84 carretilhas - aparelho que enrola as linhas - com linha chilena, material altamente cortante.
Durante a ação, um homem de 35 anos foi levado para a delegacia, suspeito de comercializar material para a confecção de pipas e de linhas chilenas, que são proibidas. Um veículo que funcionava como ponto de armazenamento de centenas de pipas também foi removido.
"A linha chilena é uma espécie que se adiciona ácido e óxido. Essa linha tem um poder de corte quatro vezes maior que a linha do cerol. Se essa linha atingir uma fiação elétrica, por exemplo, a pessoa vai ser eletrocutada, porque a linha conduz energia. Além disso, pode causar cortes profundos, ou amputações no corpo humano, como dedo, mãos e até pescoço", explicou o porta-voz do Corpo de Bombeiros do Rio, o Major Fábio Contreiras.
Para auxiliar na dispersão dos participantes do evento, os agentes desligaram as luzes do calçadão e do canteiro central da Avenida Lúcio Costa, na altura dos Postos 10, 11 e 12.
"O mais importante é que conseguimos fazer a apreensão de linhas chilenas, que colocam em risco a vida das pessoas e da coletividade. Vamos continuar fazendo o trabalho de monitoramento, de prevenção, para que possamos trazer ordem pública e segurança para a cidade", destacou o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale.
Segundo a Prefeitura do Rio, o evento foi organizado em grupos do Whatsapp e Instagram.
"Segunda e quartas-feiras tá tendo esse festival de pipa, com uma quantidade enorme de pipas e o pessoal tá preocupado se a linha vai cair no meio da ciclovia. O problema todo não é a pipa, o problema é o cerol e a linha chilena. Pode pegar no pescoço, no braço... Vários colegas e motociclistas já foram acidentados com isso", contou um ouvinte da Rádio BandNews que preferiu não se identificar.
"A gente recomenda fortemente que ciclistas e motociclistas não deixem de utilizar as antenas que bloqueiam essas linhas. Se você presenciar o uso dessas linhas se afaste do local e acione o quanto antes as autoridades", explicou o Major Fábio Contreiras.
No mês passado, um menino de apenas cinco anos precisou levar 58 pontos no pescoço depois de ser atingido por uma linha chilena enquanto andava de bicicleta em um parque de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
No Rio de Janeiro, a comercialização, o uso e o porte de cerol e linha chilenas são crime, mas a pena é branda: apenas multa. Desde 2019, um projeto de lei se arrasta no Congresso Nacional com o objetivo de criminalizar condutas envolvendo esses materiais. Atualmente, o PL está no Senado, mas não tem previsão para ser votado.
*Sob supervisão de Helena Vieira