A Polícia Civil concluiu as investigações sobre a morte do personal trainer Hitallo Müller, que teve a moto atingida pelo carro do empresário Marcus Vinícius Fazenda, de 64 anos, no dia 26 de julho, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
Marcus foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Segundo as investigações, ele estava embriagado, na contramão e em alta velocidade. O empresário estava dirigindo a 84 km/h, enquanto o máximo permitido na via era 60 km/h. A polícia pediu a prisão dele.
“A gente entendeu que ele assumiu o risco de matar a vítima. Essa investigação já foi remetida ao Ministério Público, que agora vai dar sua opinião a respeito do indiciamento, e a respeito da representação pela prisão. Posteriormente esse inquérito vai ser remetido para a Justiça, e o magistrado vai decidir”, explica o delegado Ângelo Lages.
Depois de bater na moto do personal trainer, o motorista ainda colidiu com outros três carros que estavam estacionados no local. Ele está internado em um hospital privado desde o dia do acidente.
No dia do acidente, Marcus já estava dirigindo em alta velocidade na região e havia se envolvido em uma série de situações perigosas. Por volta das 15h, ele recebeu uma multa por avançar no sinal vermelho. Mais de três horas depois, às 18h30, ele se envolveu em um primeiro acidente.
“Machucou, amigo? Machucou alguém?”, questiona um policial militar durante uma ligação do empresário ao 190. Marcus responde: “Não, meu carro tá... não tô podendo sair daqui, meu carro tá enguiçado”.
Às 19h30, o acidente fatal envolvendo o personal trainer acontece. Marcus invadiu a contramão na Av. Lúcio Costa e bateu na moto de Hitallo, que morreu na hora.
Uma testemunha contou que o empresário chegou a tentar ligar o carro para fugir do local do acidente, mas não conseguiu. A investigação ainda aponta que, apenas em 2023, ele recebeu pelo menos sete multas no trânsito.
Hitallo Müller foi personal trainer da modelo Gracyanne Barbosa. Nos dias após o acidente, ela chegou a pedir justiça por ele nas redes sociais.
Na academia onde dava aula e era coordenador, a lembrança de Hitallo segue na parede. Amigos contam que o jovem vivia uma fase muito feliz.
“Ele tinha muita gratidão por todas as conquistas que ele tinha, e que ele ainda ia ter. Ele costumava falar bastante: ‘cara, eu saí lá de Campo Grande, agora tô morando no Recreio, olha como papai do céu me abençoa’”, disse o amigo Lucas Barreto.
A defesa do empresário diz que não houve exame de alcoolemia e que, pelo relato de uma testemunha, Marcus Vinicius estava sóbrio. Os advogados ainda afirmam que não tiveram acesso ao inquérito, e que vão trabalhar para a realidade dos fatos.
Para os pais de Hitallo, o indiciamento do motorista por homicídio doloso é só o começo da justiça.
“O que ele fez, a gente não quer que se repita com outras famílias, que sofram igual a gente está sofrendo. Que a justiça seja cumprida realmente”, afirmou o pai da vítima, João Batista Santos.
*Sob supervisão de Christiano Pinho.