Pesquisadores mostram preocupação com obras na praia da Barra

Especialistas afirmam que as intervenções na areia podem piorar a erosão

Ana Clara Galante*

Colchões de concreto são instalados na areia Reprodução/TV Band Rio
Colchões de concreto são instalados na areia
Reprodução/TV Band Rio

Pesquisadores de diversas universidades do Rio de Janeiro criaram um abaixo assinado contra as reformas na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Segundo os especialistas, a estratégia de instalação de colchões flexíveis de concreto na faixa de areia pode piorar os casos de deslizamento de encosta na região.

A reforma é realizada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e tem um investimento de R$ 10 milhões.

Segundo a pasta, a intervenção na faixa de areia não traz prejuízos para a orla e para a paisagem, já que os colchões articulados estão abaixo do nível zero do mar e contarão com uma manta protetora em caso de ressaca.

Mas de acordo com a especialista em Geografia Marinha da UFRJ Flávia Barros, o material pode ser atingido pela água, já que não é tão flexível quanto areia.

“Ao encontrar o material rígido, a onda reflete toda a sua energia. Assim, o litoral fica mais íngreme, e as ondas acabam quebrando ainda mais perto da orla, agravando os danos e prejuízos que a gente já vê com a urbanização”, explicou Flávia.

Ainda segundo a pesquisadora, uma das alternativas para prevenir estragos das ressacas é a recuperação do bioma litorâneo.

“A conservação de dunas e restingas por exemplo. Faixas de não edificação. Mesmo em áreas urbanizadas, colocar ao menos 50 metros, que já são previstos em programas nacionais de conservação. Para problemas complexos não existem soluções simples”, afirmou.

As reformas, que acontecem nos postos 7 e 8, devem passar por outros três pontos da orla. As obras devem ser entregues em maio deste ano.

*Sob supervisão de Christiano Pinho