Band Rio de Janeiro

Patrícia Amieiro: 15 anos após morte da engenheira, família aguarda novo júri

O caso aconteceu em 2008. Quatro policiais militares são réus pelo crime, mas respondem em liberdade.

Ana Clara Prevedello*, Júlia Zanon*, Amanda Martins e Carlos Briggs.

Quinze anos é o tempo de espera para o desfecho do assassinato de Patrícia Amieiro. A engenheira tinha 24 anos quando desapareceu, após ter o carro atingido por tiros, na Barra, Zona Oeste do Rio. Quatro policiais militares são réus pelo crime, mas até hoje respondem em liberdade.

Em 2023, Patrícia Amieiro completaria 39 anos. A família da engenheira pede agilidade para a Justiça, e aguarda a marcação de um novo júri popular, que vai contar com a participação de uma testemunha chave, revelada pela Rádio Band News FM: um taxista que presenciou o crime. O novo depoimento levou a promotora Carmen Elisa a pedir ao judiciário para incluí-lo no processo.

A possibilidade de formação de novo júri só existe porque os advogados dos policiais militares e a da família Amieiro recorreram da decisão do julgamento anterior.

Segundo o Ministério Público, a principal linha de investigação é a de que um grupo de PMs teria confundido o carro de Patrícia com o de um traficante e atirado contra o veículo. Depois, os policiais teriam sumido com o corpo da vítima. 

“Foi uma crueldade. Atiraram em uma pessoa, ela estava viva, a testemunha viu. Tiraram ela do carro, ela pedindo socorro, e o que eles fizeram? Mais crueldade. Acabaram de matá-la. Isso dói muito, sabe?”, relembra a mãe de Patrícia, Tânia Amieiro.

Marcos Paulo Nogueira Maranhão e William Luis do Nascimento são acusados de tentativa de homicídio qualificado. Fábio da Silveira Santana e Marcos Oliveira respondem por fraude processual.

O julgamento dos policiais foi adiado duas vezes. Apesar de o caso ter acontecido em 2008, o primeiro júri popular foi realizado apenas em 2019. O caso foi reaberto novamente em 2020. Nesse ano, Marcos Paulo Nogueira e William Luís Nascimento foram condenados a três anos de prisão por fraude processual, e os PMs Fábio da Silveira e Marcos Oliveira foram absolvidos.

Segundo Alexandre Dumans, advogado da família Amieiro, o novo júri é fundamental para esclarecer por qual motivo Marcos e William respondem por fraude processual, mas foram absolvidos da tentativa de homicídio qualificado.

“É muito importante que ocorra esse novo júri para que se estabeleça uma lógica para o assunto, porque o resultado ficou um pouco irracional, na medida em que os indivíduos foram condenados por fraude processual e foram absolvidos pelo homicídio. Parece estranho que alguém pratique uma fraude processual para um crime que não cometeu. É isso que confunde um pouco o raciocínio e o entendimento geral das pessoas”, explica o advogado.

A defesa dos policiais militares nega que eles tenham cometido os crimes.

A data do novo júri ainda depende de uma ação no STF. O ministro Gilmar Mendes vai julgar uma sentença de segunda instância, proferida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que anulou a decisão de um julgamento. Se o magistrado entender que a determinação da Corte mineira foi legítima, o TJRJ deve usar o entendimento dele para balizar a realização do novo júri do caso Amieiro.

*Sob supervisão de Christiano Pinho