Operação investiga lavagem de dinheiro do tráfico na Cidade de Deus

Investigação aponta que criminosos movimentaram cerca de R$ 5 milhões em dois anos e meio

Pedro Cardoni*

Ao todo, 33 mandados judiciais são cumpridos Divulgação/Polícia Civil
Ao todo, 33 mandados judiciais são cumpridos
Divulgação/Polícia Civil

Duas pessoas foram presas em uma operação contra uma organização criminosa responsável pala lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (1). Outras duas envolvidas já haviam sido presas nas últimas quarta-feira (29) e quinta-feira (30).

A operação busca cumprir 6 mandados de prisão e 25 mandados de busca e apreensão em empresas provedoras de internet laranjas usadas para explorar e monopolizar o serviço de TV e internet nas áreas dominadas pelo Comando Vermelho. Além disso, dois sequestros de imóveis e a apreensão de veículos e valores avaliados em até R$ 3 milhões também foram solicitados pela Justiça.

Na operação houve uma intensa troca de tiros entre os policiais e os criminosos da região. Moradores registraram o tiroteio pela manhã.

O líder da organização criminosa é o traficante Ederson Jose Gonçalves Leite, conhecido como Sam, que está em liberdade condicional. Mesmo detido, Ederson continuava comandando as operações criminosas e é estimado que ele tenha movimentado cerca de R$ 5 milhões em dois anos e meio. O grupo é responsável pelo narcotráfico, assaltos de veículos, transeuntes e estabelecimentos comerciais, sequestros e extorsões na região.

Duas ex-mulheres de Sam foram presas na última quarta-feira (29) e quinta-feira (30), em uma casa de luxo em um condomínio fechado na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro, comprada com o dinheiro do crime. A residência também foi apreendida pelos agentes.

Durante as investigações, foi identificada a compra de quase R$ 2 milhões em produtos não condizentes com o rendimento declarado dos criminosos. Ederson e o sobrinho, Weverton Rodrigo Gonçalves de França, conhecido RD ou Cocão, lideranças da região do "Karatê", na Cidade de Deus, ocultavam patrimônio colocando familiares como laranjas como proprietários de imóveis.

Os alvos acusados faziam depósitos e transferências de forma fracionada e criavam contas bancárias para a movimentação passageira do dinheiro ilegal. O objetivo dos criminosos era dificultar a identificação da cadeia de transmissão do dinheiro e esconder que a origem do dinheiro era do tráfico de drogas.

"O interessante dessa operação é que a gente consegue chegar na ponta final, então eu não estou tirando dinheiro de circulação dessa facção, estou tirando dinheiro já lavado. Com isso, eu desestabilizo a organização criminosa financeiramente na ponta final, que é mais cara para eles, que é onde eles já passaram por tudo, e eu dou um exemplo para a juventude daquela comunidade que aquele crime não compensa", afirmou Gustavo Rodrigues, delegado responsável pelo caso.

O Departamento Geral de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil segue investigando o caso.

*Estagiário sob supervisão de Stephanie Mendonça