'O sonho dela foi interrompido', desabafa pai de menina de 5 anos morta no Dendê

Eloá da Silva Santos estava brincando no quarta quando foi atingida por uma bala perdida, no sábado (12).

*Júlia Zanon, Marcus Sadok e Clara Nery

A pequena Eloá da Silva Santos, de cinco anos, foi enterrada nesta segunda-feira (14), sob forte comoção dos parentes, que pedem justiça. A menina foi vítima de bala perdida no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, quando estava dentro de casa, brincando na cama. Eloá chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. O caso aconteceu no último sábado (12).

"O sonho dela foi interrompido... eu não sei ainda qual era o sonho dela. Mas Deus sabia qual era o sonho dela. Agora ela está com ele lá em cima", disse Gilgres Santos, pai de Eloá, durante o sepultamento.

Familiares da menina acreditam que o tiro que atingiu a menina partiu da arma de policiais. Câmeras das fardas serão analisadas pela Divisão de Homicídios.

"Ela queria comer o bolo do aniversário da irmã dela, que foi um dia antes. A minha neta não saía da minha casa. Iam as duas comigo para a escola, me chamavam de 'vovó'. Eles acham que todo mundo que mora na comunidade é do mal, mas não é. Tem gente do bem. É um lugar bom. Eu tô aqui falando, mas ela não vai voltar", disse a avó da menina, Simone Passos da Silva.

A Polícia Militar afastou o comandante do Batalhão da Ilha do Governador depois que o caso ganhou repercussão. Segundo a corporação, a medida acontece para dar maior transparência à apuração dos fatos. No entanto, a PM ainda não anunciou quem vai ocupar a função do tenente-coronel Fábio Batista Cardoso.

Poucas horas antes da morte de Eloá, um suspeito de integrar o tráfico de drogas no Dendê foi morto em troca de tiros com policiais. Com ele foi apreendida uma arma. De acordo com a corporação, o adolescente de 17 anos estava na garupa de uma moto, que não respeitou a ordem de parada dos agentes. O suspeito já chegou morto no Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador.

O condutor da moto foi levado para a delegacia para prestar depoimento. Ele disse que sabia que o adolescente era traficante, mas não tinha conhecimento de que ele estava armado.

Pouco depois da morte do jovem, os moradores da comunidade protestaram contra a ação da Polícia Militar. As ruas foram interditadas e dois ônibus foram incendiados. 

*Sob supervisão de Helena Vieira e Christiano Pinho.

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