Mulher é presa acusada de injúria por preconceito em agência bancária

A audiência de custódia será realizada nesta sexta-feira (7)

Thales Teixeira (Sob supervisão de Natashi Franco)

A audiência de custódia será realizada nesta sexta-feira (7) Foto: Reprodução
A audiência de custódia será realizada nesta sexta-feira (7)
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Uma mulher foi presa depois de proferir ofensas racistas à mulheres negras, em uma agência bancária dentro de um shopping, na Zona Oeste da cidade, na tarde desta quarta-feira (5). A audiência de custódia da acusada será feita pela Justiça nesta sexta-feira (7), às 13h.

Maria Cristina Rodrigues dos Santos, teria saído do atendimento da agência bancária e furado a fila dos caixas eletrônicos e, logo em seguida, começado a ofender mulheres negras que estavam no local.

“Essa senhora saiu de dentro da agência um pouco alterada. Acredito que ela tentou fazer alguma operação, algum procedimento dentro da agência, que não foi bem sucedido. A agência dela não era lá. E ela estava um pouco alterada. Tinha uma fila com mais ou menos dez pessoas e umas quatro eram negras, eu, a minha irmã e mais duas pessoas. E ela não entrou na fila do caixa eletrônico e assim que o caixa liberou ela já foi direto para o caixa, mas já foi falando que eu tinha jogado uma praga para ela, porque ela estava sem máscara e tossindo muito. Como ela estava muito alterada, ninguém reclamou com ela, por ela ter furado a fila. Ela passou, entrou no caixa e não conseguiu fazer a operação dela. E aí, ela começou a falar que negro não era ninguém, que preto quando não caga na entrada, caga na saída, quem era a gente, e aí eu comecei a filmar e chamei a segurança falando que aquilo era crime, que era racismo”, afirmou uma das vítimas, Fabiana Garcia da Cunha.

As vítimas acionaram a Polícia Militar e Maria Cristina foi conduzida para a delegacia e autuada em flagrante pelo crime de injúria por preconceito. Como não houve violência física, foi pedida liberdade provisória com medidas cautelares para ela.

Infelizmente, esses casos são muito comuns. Nesta semana, outro crime como este aconteceu em um hotel na Zona Sul do Rio, quando um produtor cultural americano também denunciou ter sofrido preconceito.

De acordo com a vítima, o empresário H.L. Thompson, um casal branco se irritou por ele ter sido atendido primeiro. Os dois teriam falado expressões racistas para o produtor e houve briga. O caso foi registrado como injúria racial e lesão corporal.

“A diferença entre os crimes de injúria racial e racismo está no fato de que na injúria racial, você tem uma ofensa dirigida a uma pessoa. Já no crime de racismo, você tem um comportamento que é dirigido contra um grupo de pessoas em razão da raça, da religião e da etnia. Então a grande distinção é essa. Na injúria racial você tem um xingamento, uma ofensa, que é feita diretamente a uma pessoa o que é diferente do racismo que ocorre quando você tem uma conduta que é praticada contra um grupo e não contra uma pessoa específica”, explicou Matheus Falivene, Doutor em Direito Penal pela USP.

As vítimas do caso do shopping, pedem que mesmo caso a mulher acusada seja solta, que a justiça seja feita.

“É muito comum a gente ouvir falar, mas quando acontece com você, não dá para acreditar. Mas é comum. A gente está acostumada a chegar em um restaurante e as pessoas olharem para a gente, está acostumada a frequentar lojas de padrões mais altos e as pessoas olharem, mas não deferir palavras, como foi feito. É muito difícil você aceitar isso. E ontem (5), a gente decidiu não aceitar e não levar isso para casa de uma maneira impune. Precisa haver justiça. Tem que haver justiça. Nesse país existe lei, então ela precisa ser cumprida de alguma maneira”, desabafou outra vítima, Regina Garcia da Cunha, irmã de Fabiana.