O ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski (PL), preso na última sexta-feira (9), ainda pode ser candidato a deputado federal na próxima eleição. Isso se dá porque Allan teve apenas a prisão preventiva decretada contra ele, para que as investigações da operação "Águia na Cabeça" continuasse sem a intervenção do mesmo.
Além disso, o registro de candidatura dele foi deferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) no dia 28 de agosto e oficializada no dia 4 de setembro, cinco dias antes do escândalo. Turnowski não apenas vai poder disputar a eleição, como, até o momento, ainda tem direito a participar de propagandas na TV e no rádio e de verbas do fundo partidário e do Fundo Eleitoral.
O ex-secretário só deixaria de ser candidato se fosse julgado e condenado culpado em segunda instância por algum crime que cause perda de direitos políticos. Se ele for condenado pelo crime que é acusado, o de organização criminosa, Allan ficaria inelegível.
Se o ex-chefe da Civil for eleito deputado e estiver preso, ele poderá tomar posse dentro da cadeia. Por mais impensável que seja, tal caso já aconteceu recentemente na história da política brasileira. Em 2019, os condenados na Operação Furna da Onça tomaram posse dentro dos presídios por conta de uma mudança no regimento interno da Alerj. Os suplentes dos deputados presos assumiram e, se os políticos fossem soltos no decorrer do mandato, os mesmos assumiriam.
Turnowski está preso em uma cela coletiva na cadeia pública Constantino Cokotós, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Porém, ele vai ser transferido para uma sala de estado maior, uma espécie de cela especial, onde vai ficar sozinho, dentro da mesma cadeia.
A mudança foi uma determinação do Desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto, da Sétima Câmara Criminal da Justiça do Rio, na mesma decisão em que foi negado o habeas corpus do delegado, ontem (13). Essa foi a segunda vez que o pedido da defesa de Turnowski foi negado. A previsão é que a mudançade cela seja feita ainda hoje.
RELEMBRE O CASO
Turnowski foi preso em casa, na sexta-feira passada (9), durante a Operação Águia na Cabeça, do Ministério Público, acusado de envolvimento com o jogo do bicho, ligado ao grupo que era chefiado por Fenando Iggnácio, executado dentro de um heliporto, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital, em 2020.
Além disso, Turnowski também operava como agente duplo, transitando em milícias adversárias. O delegado tinha se licenciado do cargo na secretaria para se candidatar a deputado federal pelo PL.
A investigação se baseou em mais de 23 mil mensagens encontradas no celular de outro delegado: Maurício Demétrio, preso no ano passado, ele é acusado de usar a estrutura da polícia para interferir em operações e favorecer aliados criminosos.
Uma destas investigações tinha como alvo a milícia que atua na comunidade de Rio das Pedras, que, na época, estava sob a liderança de outro personagem conhecido no submundo do crime do Rio: o ex-capitão da PM Adriano da Nóbrega.
Mensagens revelaram como Demétrio intermediou uma negociação de propina entre o grupo de Adriano e policiais civis para que os criminosos ficassem sabendo de operações com antecedência.
"Pô, mas fala com o leão da montanha aí, cara, aquela situação aí. Se quiser fazer logo amizade, é pra fazer agora, entendeu? Tá resolvido! Aos caras interessa e, se, por acaso, vier alguma ordem de MP, alguma coisa, eles avisam o que que é. o acordo é esse aí!", disse demétrio(destacar)
Segundo o MP, "Leão da Montanha era o codinome do capitão Adriano, e "amizade" era sinônimo de propina. Adriano da Nóbrega foi morto em uma operação da PM na Bahia, no ano passado, com indícios de execução.
*Sob supervisão de Natashi Franco