Apenas 14% dos homicídios registrados no Rio de Janeiro no ano de 2018 foram solucionados, segundo um levantamento do Instituto Sou da Paz. Com isso, o Estado em penultimo lugar no rankin, a frente apenas do Paraná, por dois pontos porcentuais. Os dados levam em consideração informações enviadas pelos Ministérios Públicos dos estados.
Desde o início da série histórica, o ano de 2016 foi o que registrou maior número de homicídios solucionados, deixando o Rio na casa dos 23%. Em comparação com o resto do mundo, o Brasil tem 44% dos crimes solucionados, enquanto em escala global, o número é de 63%,.
Há seis meses, Thaís Nogueira busca respostas sobre a morte do filho de 8 anos. Kaio Guilherme foi baleado na cabeça na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, em abril desse ano. O menino chegou a ficar internado por oito dias, mas não resistiu.
“É muito triste a gente saber que nada foi feito, estamos sem resposta de nada. Nem perícia foi feita, não tem como não sentir um preconceito em relação à comunidade que a gente mora, quando as pessoas têm dinheiro, as investigações correm”, comentou Thaís, mãe de Kaio Guilherme.
Em todo o país, em 2018, foram mais de 40 mil homicídios registrados. Desse total, cerca de 5300 aconteceram no Rio de Janeiro, o que representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior, segundo a análise histórica do Instituto de Segurança Pública do estado.
O especialista em segurança pública pela UERJ Pedro Strozenberg fala sobre como a impunidade fere os direitos humanos.
“Quando a gente fala em Direitos Humanos, o impacto que fica é sobre os familiares das vítimas. Eles ficam sem resposta, sem o sentimento de um resultado efetivo pela perda dos entes. A gente ainda vê que isso é um fator seletivo, porque grande parte dos homicídios é de uma classe mais abastada em questões financeiras”, comentou o especialista em segurança pública.
Na nova edição da pesquisa "Onde Mora a Impunidade", o Instituto Sou da Paz elaborou oito recomendações para a segurança pública nacional. Entre elas estão a criação de um grupo especializado na investigação de homicídios e o investimento em equipamentos que tragam mais agilidade para as perícias.