Nesta segunda-feira (09), bolsonaristas radicais começaram a deixar o acampamento que foi erguido em outubro de 2022, em frente ao Palácio Duque de Caxias, no Centro do Rio de Janeiro, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições. A ação acontece após a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a prisão de extremistas, depois de atos de vandalismo que ocorreram no último domingo (08), em Brasília.
O Ministério Público Federal (MPF) afirmou, em nota, que atua desde ontem (08) para desmobilizar o acampamento instalado no Centro do Rio e para prevenir ataques golpistas em pontos estratégicos da região metropolitana do estado.
Na manhã de hoje (09), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se reuniu com representantes do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), do Ministério Público, do Tribunal Regional Federal, da Defensoria Pública e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir medidas de enfrentamento contra possíveis atos antidemocráticos no estado.
“Um Rio de Janeiro só, que defende democracia, defende o estado democrático de direito, defende a humanidade e o direito de ir e vir de qualquer cidadão. Esse é o Rio e o Brasil que nós queremos, nós estamos aqui unidos para que a gente garanta isso pra nossa população e garanta que a vida no Rio de Janeiro continue sendo tocada normalmente”, afirmou o governador Cláudio Castro.
De acordo com o governador do Rio, caso haja descumprimento da determinação do STF para a liberação do acampamento, esses manifestantes poderão ser presos. Na manhã desta segunda (09), alguns manifestantes ainda estavam no Centro do Rio e algumas tendas ainda estavam montadas.
“As pessoas já estão saindo, então não há necessidade alguma de ter prisão. A Polícia e os militares estão vendo que estão saindo pacificamente. Se não desmobilizar, serão presos”, explicou Cláudio Castro.
SEGURANÇA REFORÇADA
Além do governador, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que vai colaborar com o Exército e com a Polícia Militar na retirada de objetos e barracas que atentam contra a democracia em frente ao Palácio Duque de Caxias. Segundo ele, essa remoção deve ser feita até a noite de hoje. Nesta manhã, o prefeito se reuniu com o secretário de Ordem Pública e com o comandante da Guarda Municipal e suspendeu todas as folgas e licenças da instituição para garantir a segurança na cidade.
Após os ataques em Brasília, o policiamento foi reforçado em pontos estratégicos por todo o estado do Rio, que seriam alvo dos terroristas. Nesta madrugada, cerca de 10 bolsonaristas foram até a Refinaria Reduc, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas foram desmobilizados pelos agentes de segurança. De acordo com o governador Cláudio Castro, o reforço nesses locais pode permanecer por até 48 horas.
Até às 10h de hoje, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar não haviam registrado nenhuma aglomeração nas vias que cortam o Estado. Segundo as corporações, o aumento no patrulhamento e na fiscalização nas rodovias tem como objetivo evitar qualquer tipo de manifestação antidemocrática.
ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS
No último domingo (08), apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inconformados com o resultado das eleições presidenciais de 2022 que consagraram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presidente da República, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ocasião, a galeria de ex-presidentes ficou destruída no Congresso Nacional e o patrimônio artístico do Planalto, também foi atingido. O Brasão da República, instalado no prédio do STF, foi retirado do lugar e vandalizado pelos golpistas, e as cadeiras dos ministros da Corte, foram danificadas e jogadas para fora do prédio.
No fim da tarde de ontem (08), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou a intervenção federal no Distrito Federal, até 31 de janeiro, após invasão e destruição do patrimônio na Praça dos Três Poderes. De acordo com o presidente, "todas essas pessoas serão encontradas e punidas".
Em nota, o Ministério Público Federal afirmou que “os atos violentos puseram em risco a vida de numerosas pessoas (entre agentes públicos e particulares), causaram danos ao patrimônio público e, sobretudo, causaram medo e insegurança à população em geral. Além disso, geram a apreensão de que novas mobilizações golpistas ocorrerão, não só em Brasília, mas em todo o país”.
*Sob supervisão de Natashi Franco