Justiça mantém prisão de pai e filha que agrediram médica em hospital de Irajá

Os dois foram presos em flagrante, mas a justiça converteu a prisão em preventiva durante audiência de custódia que aconteceu hoje (18).

*Ana Clara Prevedello e Clara Nery

Médica foi agredida durante a confusão
Reprodução

A Justiça do Rio converteu em preventiva a prisão em flagrante de André Luiz do Nascimento Soares, de 48 anos, e de sua filha, Samara Kiffini do Nascimento Soares, de 23. A audiência de custódia foi realizada nesta terça-feira (18).

Os dois agrediram uma médica na noite de domingo (16) no Hospital Francisco da Silva Teles, em Irajá, na Zona Norte do Rio. O laudo do exame de corpo de delito de Sandra Lúcia, de 52 anos, aponta que a médica teve cinco lesões em seu corpo.

Sandra estava de plantão na unidade médica e cuidava sozinha de 60 pacientes. Na noite das agressões, um colega passou mal, e a direção do hospital não conseguiu substituí-lo.

Segundo testemunhas, André chegou ao local e foi informado de que deveria aguardar atendimento, já que outros pacientes apresentavam quadros mais graves. Ele tinha um pequeno corte no dedo e estava com a filha, Samara.

Além das agressões contra a médica, os dois quebraram vidros, portas, janelas e cadeiras da sala de espera. A profissional de saúde, ainda muito abalada, aceitou conversar em primeira mão com a nossa equipe.

Ela explica que o ideal seria que cinco médicos fossem escalados para o dia, mas que os plantões têm sido feitos apenas com dois profissionais.

“Eu assumi o plantão com 60 pacientes, sendo que desses 60, 23 eram muito graves. Isso não é um episódio isolado. No sábado à noite, era o meu quinto plantão sozinha. Se eu disser para você que eu não tenho medo, eu vou estar mentindo, porque a gente não tem garantia de segurança dentro dos hospitais onde a gente trabalha”, lamenta.  

Ela ainda contou que André deu socos e chutes em seu corpo, enquanto ela estava no chão, e que ela precisou se esconder, pois Samara a perseguiu dentro do hospital.

Durante as agressões, uma paciente de 82 anos morreu depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória. Arlene Marques da Silva estava se recuperando de um infarto.

O pai e a filha devem responder por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, dano ao patrimônio público e desacato. André deve responder, ainda, por lesão corporal, e Samara por coração, já que, mesmo depois de presa, chegou a ameaçar Sandra pelo celular.

A direção do Conselho Regional de Medicina informou que os dirigentes estão se reunindo com a Polícia Militar para buscar soluções que garantam a segurança durante o trabalho dos profissionais de saúde.

A defesa dos acusados afirma que eles também foram agredidos, e que não é possível afirmar que a conduta dos dois provocou a morte da idosa. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio afirma que o hospital contava com quatro vigilantes desarmados.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.

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